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66 Maio 2022 | AutoData INDÚSTRIA » ÓRFÃOS DA FORD P ara Cláudio Batista, o Claudião, pre- sidente do Sindmetau, Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, o fechamento da fábrica de moto- res e de transmissões da Ford na cidade reflete a falta de política industrial do País. Ele classifica como arbitrária e unilateral a decisão da empresa, que encerrou sua história de quase 50 anos emTaubaté, SP, apenas três anos depois da conclusão de investimento milionário. Em2018, após fechar acordo de estabi- lidade como Sindmetau, a Ford nacionali- zou seu motor Dragon 1.5 de três cilindros e mais um modelo de transmissão, que passaram a ser produzidos em Taubaté comalto grau de produtividade pormeio de processos automatizados da indústria 4.0. As linhas de produção foram robotizadas. “A saída da Ford provocou dano social para as famílias dos cerca de oitocentos trabalhadores diretos, e consequentemente para a economia da cidade. Esses profis - sionais injetavam R$ 93,7 milhões por ano Por Soraia Abreu Pedrozo Investimento e fechamento Fábrica de motores em Taubaté foi vítima do encerramento das operações industriais da Ford pouco depois de ser robotizada na economia local, considerando salários, PLR e abonos, de acordo com os cálculos do Dieese.” O processo de demissões incluiu pro- grama de qualificação com o objetivo de reinserir os desempregados nomercado de trabalho, mas a ausência de investimentos no setor industrial tornou inviável a criação de oportunidades de emprego. “Não houve nenhuma ação por parte dos governos estadual e federal para ten- tar evitar o fechamento da fábrica. Eles só ofereceram curso de requalificação e nem isso se concretizou, tendo sido garantido apenas após negocia- ção do sindicato com a empresa.” Segundo Claudião, houve ao todo 25 reuniões até o fechamento do acordo de indenização. A planta de Taubaté produziamotores exclu- sivamenteparaveículos fabricados pela Fordem Camaçari, BA. A cadeia de fornecedores na ci- dade era pequena. De acordo com o sin- dicalista não houve fechamentos dessas empresas, que acabaramsemantendo com outros clientes. Houve impacto bem maior nos ter- ceirizados que atuavam em serviços de limpeza, segurança, logística e categorias não representadas pelo Sindimetau, que estima em torno de trezentas demissões adicionais além dos empregados diretos. Com relação à tentativa de venda dos imóveis Claudião diz ainda não ter infor- mações sobre o seu destino, mas avalia que “a vinda de novos proprietários terá maior possibilidade de prosperar se hou- ver a reconstrução da política industrial do País, pois o atual governo não temproposta nesse sentido porque o foco está no agro- negócio. Então... precisamos demudanças”. A Ford confirma que negocia a venda das instalações mas ainda não tem nada de concreto. A Prefeitura de Taubaté não respondeu aos questionamentos deAuto- Data até o fechamento desta edição. Divulgação/Ford e Reprodução/Sindimetau

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