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103 AutoData | Julho 2022 15 Julho 2010 | AutoData | George Guimarães – A indústria de autopeças tem sido demandada até além do que pode suportar. Como o senhor avalia este quadro? George Rugitsky – É um problema bom. A demanda do mercado brasilei- ro está aquecida em cima de uma base positiva, enquanto em outros lugares a reação ocorre por conta de forte queda no ano passado. Devemos lembrar que o Sindipeças fez série de pesquisas so- bre gargalos e está voltando a fazê-las exatamente para entender em quais segmentos se concentram as maiores dificuldades. O estudo está em anda- mento e como nos anos anteriores não tivemos nenhum problema de conti- nuidade. Os gargalos foram abordados e a indústria está batendo recordes atrás de recordes. George – A Freudenberg tem batido recordes também? Rugitsky – Em 2008 tivemos o cres- cimento prejudicado pela retração do final do ano. Em 2009 continuamos a crescer, com mix diferente – cami- nhão caiu bastante, automóvel, não. Enquanto, na média, as empresas de autopeças tiveram retração de fatura- mento de quase 14% no ano passado, a Freudenberg recuou 3,5%. Estamos num momento muito favorável. O reconhecimento mundial da empre- sa está acontecendo aqui. Se somos os primeiros no mundo, por que não termos um bom desempenho também aqui? Os lançamentos feitos no País de- vem garantir um crescimento bastante robusto. Nas linhas que temos aqui para atender as montadoras estamos em primeiro lugar tranquilos. Nossas oportunidades são muito grandes. So- mos uma empresa baseada em inova- ção, que investe muito em pesquisa e desenvolvimento – são 18 milhões de euros nessa área. Se anualizarmos os primeiros cinco meses, temos cresci- mento próximo de 30%. O que é bem forte. Considerando o desempenho de janeiro a maio com relação ao mesmo período de 2009, a média de expansão do setor é de 30%, enquanto nós regis- tramos 50%. Marcos Rozen – No geral o faturamen- to das autopeças cresce menos do que a produção. Por que isso acontece? Rugitsky – Isso é um problema da nos- sa macroeconomia. Em 2002, quando houve o efeito Lula – medo do que iria acontecer com a economia –, o real desvalorizou e as empresas aprovei- taram o câmbio favorável para abrir mercados junto às matrizes, nos Es- tados Unidos e Europa. Com a ma- nutenção da política econômica e a valorização do real o câmbio deixou de ser competitivo. A gente consegue ganhos de produtividade anuais que não acompanham a desvalorização do dólar, o que prejudica nossas exporta- ções. O mercado interno tem compen- sado na área produtiva, mas a verdade é que o Brasil tinha superávit de US$ 2 bilhões em 2006 e o déficit projetado para este ano é de US$ 4 bilhões, se não for mais. Como a indústria mun- dial tem capacidade ociosa, tem vin- do muita coisa de fora para atender a demanda interna. A questão é ver como é que fica o Brasil nisso. Temos um futuro maravilhoso, mas que pode favorecer empresas que não produzem localmente. Márcio Stéfani – O governo estabele- ceu para maio do ano que vem o fim do redutor de 40% do imposto de im- portação de autopeças. Como o setor vê essa medida? Rugitsky – Essa medida tem prós e Como a indústria mundial tem capacidade ociosa, tem vindo muita coisa de fora para atender a demanda interna AD 251 - From The Top.indd 15 13/7/2010 12:25:37
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