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19 AutoData | Agosto 2022 E a questão do ambiente econômico adverso, com escalada da inflação e dos juros? Isso é umproblemamundial, o que pode ser feito? Mas é claro que quando a Selic [taxa básica de juro do Banco Central] vai de 2% a quase 14% [ao ano] a situação se complica, mas não temos como mexer na política econômica. O problemamaior é o spread [diferença da taxa básica e da cobrada pela instituição financeira], que também sobe muito, vai a 30% ao ano. Mas nisso é possível melhorar com medidas como a desjudicialização do beme o Renave, que podemajudarmui- to a baixar o spread porque reduzem o risco de inadimplência e o banco pode cobrar menos. Omercado estámudando e a pandemia acelerou esse processo. Com esse novo cenário como serão as concessionárias do futuro? Com todas as mudanças que estão acontecendo a Lei de Darwin vai fun- cionar: quem tem competência se es- tabelece e quem não tem deverá cair fora do negócio. O concessionário do futuro exigirá mais qualificação de seus profissionais e precisa trabalhar mais rápido – por exemplo com a oferta de revisões em que o cliente chega e vai embora uma hora depois. As vendas on-line continuarão crescendo, mas o cliente ainda prefere pesquisar na internet e fechar o negócio ao vivo. Isso também exige maior preparação do vendedor porque muitas vezes o comprador chega na loja sabendo mui- to mais do que ele: já pesquisou tudo antes, na internet. O que não é possí- vel imaginar é comprar um carro sem fazer test-drive antes, pois já vi muitos mudarem de ideia: depois de dirigir um modelo escolheram outro diferente do pesquisado na internet. Entendo que um dia o processo pode ser todo on- -line, mas vai demorar muito tempo e enquanto isso a gente se adapta. A adaptação é inerente à evolução de qualquer negócio. As vendas diretas de verdade, como o senhordiz, para locadoras estão crescen- do este ano? Este setor diz que precisa comprarmais de600mil carros este ano... Acho que as locadoras estão mantendo o mesmo volume. Precisam de carros mas os descontos concedidos a eles não sãomais os mesmos. No cenário atual as montadoras preferem negociar com as milhares de concessionárias que existem no País [7,3 mil] do que ficar na mão de meia dúzia de empresas. Isso ficou no passado, quando planejaram produzir 5 milhões de veículos e o mercado era só de 2 milhões, e aí os fabricantes tiveram de negociar e vender barato paramanter as fábricas trabalhando. O atual governo federal, na sua opinião, temajudado ou atrapalhado omercado de veículos? Temos alguns pontos em que o gover- no ajudou o setor de distribuição, como a criação do Renave [Registro Nacional de Veículos em Estoque] que não sai- ria sem este apoio. Tem também ajuda para a legislação de desjudicialização do bem [para retomada do veículo de inadimplentes mais rápido, semprecisar de notificação judicial]. E acabaram de aprovar o Renovar no Congresso [progra- ma de estímulo para renovação da frota de caminhões]. Então posso dizer que dentro do que foi possível fazer pelo setor de distribuição o governo tem ajudado, está sendo positivo. “ Falam que falta crédito, mas se você tem cem pessoas querendo comprar a prazo, consegue aprovar trinta fichas e só tem vinte veículos para entregar, então ainda não posso dizer que o problema é crédito: é a produção.”
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