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45 AutoData | Agosto 2022 Hoje cerca de 90% do faturamento do Grupo SHC vem das vendas do portfólio de BEVs, 50% dos modelos comerciais, exatamente no qual Habib avalia que os elétricos têm possibilidades de crescer no Brasil. Tanto que ele já planeja mais três lançamentos de utilitários elétricos que serão apresentados na próxima Fenatran, de 7 a 11 de novembro no São Paulo Expo. BAIXA RENDA PARA ELÉTRICOS “O Brasil é um país de renda média bai- xa, não há como aumentar a venda de veículos caros como são os elétricos, nem se deve conceder incentivos porque exis- tem prioridades como apoiar a população pobre. Este mercado não deve passar de 0,5% das vendas”, diz Habib. Ele aponta que em 100% dos países onde elétricos têm mais de 1% do mercado o governo concede generosos incentivos. A venda de BEVs está emparelhada à combinação de benefícios, políticas públicas e renda. Nos Estados Unidos de renda per capi- ta de US$ 66mil por ano a penetração dos elétricos é de 4,7%, mas existem grandes variações de acordo coma política de cada Estado. Na Califórnia com incentivos de US$ 6 mil os BEVs dominam 12% das ven- das, enquanto no petrolífero Texas o índice cai a 0,1%. Na China políticas obrigatórias de eletrificação catapultaram os modelos a bateria para 20% dos emplacamentos. Nos três países mais ricos da Europa, Alemanha, França e Reino Unido, com renda per capita de US$ 45 mil por ano e generosos incentivos, os elétricos já representam 13% destes mercados. Na Itália, onde a renda média é de US$ 31 mil, o porcentual dos BEVs cai para 4%. Na Polônia o rendimento por habitante desce para US$ 15 mil e os elétricos têm 1% das vendas. No Brasil a renda atual é de US$ 9 mil, compatível portanto com o mercado de 0,4% ou 0,5%. COMERCIAIS COM ESG Nesse cenário Habib avalia que o único segmento no qual os elétricos têmviabili- dade para crescer no Brasil é o de veículos comerciais para entregas urbanas, porque a operação permite, têm trajetos curtos dentro da capacidade das baterias, não rodammuito mais do que 100 quilômetros por dia e podem ser recarregados à noite. Ainda assim, segundo calcula o empre- sário, um veículo comercial leve elétrico precisa rodar, no mínimo, 180 quilômetros por dia para que a economia comcombus- tível comece a compensar o preço mais alto de aquisição, pelo menos o dobro de um similar a diesel: “A maioria dos clien- tes [transportadores] não têm viabilidade econômica com os elétricos, mas estão comprando principalmente para atender metas de redução de emissões de em- presas [embarcadoras]”. Mais do que qualquer motivador eco- nômico é a agenda ESG, sigla em inglês que significa governança socioambiental e corporativa, que está sustentando as vendas de elétricos na maior parte do mundo. As compras são feitas mesmo semviabilidade econômica, somente para atingir metas. Habib cita o exemplo do Bla- ckRock, maior fundo de participação em empresas do mundo, com US$ 6 trilhões em ativos, que exige políticas ESG ativas de todas as corporações sob seu guarda- -chuva sob risco de retirar seus recursos e cortar cabeças de CEOs. E-JV 5.5, MAIS UM BEV É precisamente de olho neste filão que a JAC está colocando mais um BEV no mercado brasileiro, desta vez um comer- cial leve, o furgão E-JV 5.5 para entregas urbanas, vendido por R$ 314,9 mil. O mo- delo tem capacidade para transportar até 800 quilos de carga no compartimento de 5,5 m3 e autonomia para rodar até 300 quilômetros com uma carga completa de bateria. Na projeção de Sérgio Habib será o mais vendido de todos os JAC elétri- cos, no embalo do forte crescimento do segmento de distribuição urbana no País: “Estimamos vender cerca de cinquenta unidades por mês”. Apesar de a agenda ESG ser a prin- cipal indutora de vendas também existe um argumento econômico: para carregar totalmente a bateria de 50 quilowatt-hora
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