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54 Agosto 2022 | AutoData MEIO AMBIENTE » DESCARBONIZAÇÃO o etanol e os biocombustíveis. Isso não é atraso tecnológico, pois só não temos a mesma necessidade de eletrificar”. O argumento procede nos números. Segundo cálculos da Unica, União da Indústria da Cana, um veículo alimenta- do com etanol no Brasil emite apenas 37 gramas de CO2 por quilômetro rodado – considerando a reabsorção do gás na natureza. Ummodelo elétrico híbrido flex, como as versões do Corolla e Corolla Cross produzidas em fábricas paulistas da Toyota, tem emissões ainda menores: 29 g CO2/km: émenos do que umelétrico puro rodando aqui ou na Europa. Até mesmo a ABVE, Associação Bra- sileira do Veículo Elétrico, que todos os meses comemora o aumento de vendas de modelos 100% elétricos importados, acredita que a descarbonização começará com força nomercado brasileiro nos auto- móveis híbridos flex. “Acreditamos que nos próximos anos teremos quase 100% da frota de veículos novos com a tecnologia híbrida flex até darmos um salto para os híbridos plug-in e, depois, aos elétricos”, calcula Adalberto Maluf, que é candidato a deputado federal emSão Paulo pelo PartidoVerde e por isto está licenciado dos cargos de presidente da ABVE e de diretor da BYD. POLÍTICA DE ELETRIFICAÇÃO Para a ABVE é importante ter ferra- mentas que apoiem o desenvolvimento da descarbonização, como a redução de IPI para veículos importados de baixíssi- ma emissão – elétricos já são isentos do imposto de importação e híbridos pagam alíquota de 2% a 4%, dependendo da efi - ciência energética e o grau de conteúdo local. “Este é o ponto de partida, mas é preciso criar uma política nacional de mo- bilidade elétrica”, endossa Maluf. “Vejo a eletrificação [como solução] não apenas sob o aspecto do CO2 mas para reduzir a poluição total e a contaminação do meio ambiente, principalmente nas regiões urbanas”, acrescenta. Para o transporte urbano de cargas e de passageiros, por exemplo, a ABVE de Maluf apoia a proteção da indústria nacional pois duas fábricas de chassis de ônibus e uma de caminhões já produzem elétricos no País: “O usuário do transporte coletivo urbano e o setor de logística já identificaram os bons resultados da eletrificação. Isso tambémpode impulsionar a demanda para automóveis elétricos. E atrair investimentos emnovas fábricas. Comuma política indus- trial para o setor estabelecida retiram-se os necessários apoios do governo. É assimque acontecerá, de uma forma ou de outra, em todos os mercados”. Diretora da Associação Brasileira de Hidrogênio, mentora da SAE Brasil e uma das principais vozes para o desenvolvi- mento da célula de combustível para mo- ver veículos elétricos no mundo, Mônica Saraiva Panik está de acordo com Maluf de que é necessário trabalhar em uma política industrial apoiada na engenharia local, nacionalizando componentes: “Tem de atrair investimentos dos fabricantes de baterias, dos componentes eletrônicos, dos tanques de hidrogênio, pois nada disso existe no País”. Mônica Panik avalia que é uma estraté- gia equivocada incentivar importações de Divulgação/GWM
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