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12 FROM THE TOP » RICARDO BACELLAR, CONSELHEIRO SAE BRASIL Setembro 2022 | AutoData de negócio da indústria vai mudar nos próximos dez anos, com mais foco na prestação de serviços e no crescimento da oferta de locação de caminhões. Isso não surpreende, mas a pesquisa formaliza, confirma. Qual a visão demonstrada pela indús- tria sobre o desenvolvimento de novas tecnologias e powertrain no Brasil? A pesquisa mostra que a maioria dos representantes desta indústria, mais de 60% dos entrevistados, avalia que o setor vai investir em desenvolvimento local. Eu pondero que se esta pergunta fosse feita em 2019 esse porcentual poderia ser muito menor: todo mundo estava feliz e acomodado com a situ- ação, mas aí veio a pandemia e pro- vocou falta de chips, na sequência a guerra na Ucrânia aprofundou ainda mais o problema de abastecimento de componentes. Este novo cenário global está levando a indústria a buscar mais projetos e fornecedores locais. O segundo capítulo do estudo trata da matriz energética e tem perguntas so- bre a intenção de compra de caminhões e se eles terão propulsão alternativa ao diesel. Quais foram as conclusões? A primeira e melhor conclusão é que dois terços dos clientes ouvidos pre- tendem comprar caminhões novos, 27% deles ainda este ano, 22% em dois anos, 13% em quatro anos e 4% em três. Esta é uma notícia bem interessante, significa que o mercado é comprador independentemente da matriz energé- tica utilizada. Mas quando perguntamos se estes caminhões que serão compra- dos terão propulsão limpa, diferente do diesel, pouco mais de dois terços dos ouvidos dizem que não. Significa que o mercado ainda não enxerga alternativas de curto prazo ao diesel em menos de cinco anos. O cliente até acha que as novas tecnologias limpas de propul- são são boas mas ainda não é hora de comprá-las. Ainda há muitas definições para acontecer nesse campo. “ O ouro em pó deste documento é a visão que ele traz do cliente, porque a indústria tem dificuldade de acessar essas cabeças, principalmente em um País tão grande e diversificado como o nosso.” A pesquisa tem esse papel de colocar em cima da mesa coisas que às vezes nem quem é do setor estava pensando. No capítulo da pesquisa Aspectos Es- tratégicos as perguntas foram direcio- nadas exclusivamente a profissionais da indústria, incluindo fabricantes de caminhões, seus fornecedores e distri- buidores concessionários. Quais foram os principais achados desta parte do estudo? Conseguimos consolidar ali uma sín- tese dos pensamentos do setor, das suas prioridades. Confirmamos que a indústria está empenhada em desen- volver soluções para reduzir os custos dos clientes, porque este é o grande diferencial de um caminhão, que é um instrumento de trabalho. Por isso aper- feiçoar a eficiência energética dos mo - tores e oferecer opções de propulsão limpa estão no topo das prioridades. Embora em escala um pouco abaixo vimos que além destes outros pon- tos também são relevantes para esta indústria, como oferta de serviços de gestão de frota e manutenção, conexão por telefonia 5G, transformação digital... A conclusão é que tudo é importante porque os executivos são cobrados por todas essas questões, então precisam girar muitos pratos ao mesmo tempo, o que é o maior desafio do setor no momento. Outro achado é que este pú- blico sabe e reconhece que o modelo

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