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14 FROM THE TOP » RICARDO BACELLAR, CONSELHEIRO SAE BRASIL Setembro 2022 | AutoData A pesquisa também revela quem são os principais compradores de caminhões novos? Sim e por isso as estratificações que fizemos são importantes, porque dão nome aos bois. Vimos que, dos que não pretendem comprar caminhões, a maioria é porque não tem poder finan - ceiro para isso, caso dos caminhoneiros autônomos, enquanto transportadores frotistas e gestores são minoria neste grupo de não compradores. Quais são os principais entraves iden- tificados pela pesquisa para a compra de caminhões com tecnologias de pro- pulsãomais limpas? Custos? Segurança de abastecimento? Como estamos falando de matriz ener- gética o transportador precisa ter con- fiança de que haverá infraestrutura de distribuição e de que não custará muito mais caro. Mas a pesquisa também mostra que os consumidores já enten- dem que existem opções, eles querem isso, mas não querem ser obrigados a optar por uma solução específica que pode não ser a mais vantajosa para o negócio. Parte da indústria vem apostando no gás e biometano para abastecer ca- minhões com combustível neutro em emissões. Mas a pesquisa revela que esta não seria a opção mais desejada pelos clientes... Isso tem muito a ver com o custo da operação. A maioria dos clientes ouvi- dos na pesquisa vê maior viabilidade no diesel verde [biodiesel ou HVO, óleo vegetal hidrogenado] porque ele fun- ciona igual ao combustível fóssil, sua adoção não exige grandes adaptações no caminhão, não é necessário mudar nada no motor nem investir em novo sistema de abastecimento ou de recar- ga para elétricos. É uma opção que tem pouco impacto no caixa do fabricante ou do transportador e que, por isto, é a preferida tanto por representantes da indústria como pelos clientes. Os compradores de caminhões no País são resistentes a novas tecnologias de propulsão? Não. Vejo que a visão do consumidor deste tipo de produto é muito prag- mática, olhando para a segurança da operação. Ele aceita testar novas tecno- logias desde que isso não traga riscos ao negócio, quer saber se os avanços tecnológicos de fato funcionam. Creio que esta discussão vem até antes do preço do produto, que é importante, mas o primeiro olhar do transportador é para não gerar algum tipo de barreira à operação, porque ele sabe o quanto custa cada minuto do veículo parado. O diesel pode não ser uma opção lim- pa, mas é o que temos em todas as partes, ninguém vai parar por falta de combustível em nenhum lugar do Brasil, lembrando que no País existem lugares com pouca ou nenhuma infraestrutura, onde certamente não haverá postos de recarga elétrica ou biometano. Por este mesmo raciocínio vemos que ca- minhões elétricos têm alcançado certo nível de adoção nos centros urbanos, para entregas em curtas distâncias, por- que isso dá segurança ao operador de fazer suas rotas, voltar para a garagem e deixar o veículo recarregando à noite. Já para longas distâncias esta solução não funciona. Pelas conclusões da pesquisa, o ca- minhão a diesel ainda será dominante “ A maioria dos clientes ouvidos vê maior viabilidade no diesel verde [biodiesel ou HVO] porque a adoção não exige grandes adaptações no caminhão, não é necessário mudar o motor nem investir em novo sistema de abastecimento.”
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