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49 AutoData | Setembro 2022 Nessa combinação de conhecimen- tos entram os veículos híbridos flex que combinam a eletrificação com motor a combustão bicombustível etanol-gasolina, elétricos puros, produção local de baterias de lítio, além da localização de muitos componentes que hoje não são produ- zidos aqui. Na abertura do Simea 2022 Márcio de Lima Leite, presidente Anfavea, que reúne os fabricantes de veículos, já assinalava que a indústria automotiva local vive o momento mais desafiador de sua história demais de 65 anos, porque precisa definir seu rumos. “Precisamos definir se abandonaremos tudo que foi feito até agora ou se inves- tiremos. As novas rotas da mobilidade demandam investimentos no País, nas fábricas, teremos muitas oportunidades no futuro se definirmos a previsibilidade para esses desenvolvimentos. Se isso não for feito o Brasil perderá o tempo dos in- vestimentos futuros.” OPÇÃO DO ETANOL O alerta de Leite foi de certa forma res- pondido no dia seguinte, no fechamento do Simea, pelo presidente daAEA, Besaliel Botelho: “Temos um futuro rico em desa- fios e uma engenharia brasileira preparada para enfrentá-los”. Dentre as soluções em desenvolvimento no País Botelho deu des- taque à importância dos veículos híbridos flex, com etanol, que montadoras como Toyota e Caoa Chery já produzemno País e que outras estão prestes a lançar, incluindo as duas maiores, Stellantis e Volkswagen. “O Brasil é um país privilegiado, com uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta”, deu ênfase Botelho, apontan- do que, aqui, tanto veículos a combustão alimentados por etanol como os elétri- cos puros emitemmenos CO2 do que em qualquer outro lugar do mundo porque biocombustíveis têm emissões neutras de carbono e cerca de 80% da geração de energia elétrica vêm de fontes renováveis e limpas, como hidrelétricas, solar e eólica. Por outro lado Leite, da Anfavea, lem- brou que no cenário atual em que países industrializados, onde estão as matrizes, Blue Planet Studio/Shutterstock estão voltando todas as atenções e inves- timentos na eletrificação dos veículos, o Brasil pode se aproveitar não só das novas tecnologias, mas também das velhas que domina muito bem: “O mundo não mi- grará direto para o veículo elétrico e nós temos tecnologias fantásticas a oferecer como o etanol e outros biocombustíveis. Poderemos ser uma base exportadora de motores e veículos a combustão de baixa emissão para muitos países que não têm vocação de eletrificação”. Em sua palestra no Simea o diretor da Única, União da Indústria da Cana, Luciano Rodrigues informou que no segmento de veículos leves o etanol tem participação de 44% no Brasil, índice que no resto do mundo limita-se a 6%. Ele garantiu que o setor sucroalcooleiro nacional tem capa- cidade de aumentar em 20% a produção do etanol usando apenas a área de cultivo atual, sem a criação de novas empresas: “A produção de etanol ocupa apenas 6,9% da área agriculturável no Brasil, sendo 5,7% a partir do açúcar e 1,2% do milho”. Outra rota tecnológica que tem poten- cial para prosperar no Brasil é o desenvol- vimento de veículos elétricos alimentados por células de hidrogênio, gás. Asolução foi tema da palestra no Simea de Clayton Za- beu, pesquisador do IMT, InstitutoMauá de Tecnologia: “Não podemos ficar alijados do mundo. O importante é casarmos soluções locais com tendências mundiais”, disse, ci- tando os projetos emcurso do IMT, como o sistema gerador baseado emSOFC, célula de combustível de óxido sólido, já validado, que utiliza hidrogênio extraído do etanol. AVANÇOS NA REGULAÇÃO Considerada a principal interlocutora do setor automotivo com o governo federal Margarete Gandini, que foi presidente de honra do Simea 2022 e é coordenadora geral de implementação e fiscalização de regimes automotivos da Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, do Ministério da Eco- nomia, também participou da abertura do evento e lembrou de avanços recentes na regulação do setor.

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