403-2023-09

32 Setembro 2023 | AutoData MERCADO » DESEMPENHO Segundo Kalume Neto das quatro variáveis que afetam as vendas de veículos – preço, juros, oferta de crédito e confiança do consumidor – a taxa básica Selic caiu 0,5 ponto porcentual mas ainda não chegou na ponta do consumo nos financiamentos, e a confiança do consumidor melhorou, mas não o suficiente para aquecer vendas. Para o consultor há apenas um fator positivo no horizonte: “O que é esperado é a votação do Marco das Garantias, que poderá trazer maior liberação de crédito pelas instituições financeiras por garantir maior celeridade na retomada dos bens”. PREÇOS AO ALTO Levantamento da Jato aponta que os preços já voltaram a subir, o que em nada ajuda no desempenho do mercado. Antes dos descontos o preço médio de tabela considerando todos os automóveis vendidos no País, em maio, era R$ 148 mil, caiu para R$ 132 mil em julho, melhor mês do ano e ápice do programa de descontos, e em agosto subiu para quase R$ 144 mil. Roberto Barros, consultor da Standard & Poor’s para o mercado automotivo, considera que em agosto houve um efeito rebote com aumento de R$ 10 mil nos preços médios: “Na nossa expectativa o tíquete médio deve voltar para a casa dos R$ 144 mil [valor que vinha estável desde o fim de 2022 até junho]”. Ele diz que a redução de valores observada em julho foi decorrente do maior volume de vendas de veículos de entrada, justamente os que receberam os maiores descontos. Se a demanda é tão sensível a preço um caminho para aumentar as vendas e ocupar as fábricas seria rever planos e reduzir as tabelas. Mas Barros enxerga que já ficou bem definido que o importante não é mais volume, e sim margem, o que leva montadoras a apostar em carros mais caros. Com esta política, e sem crédito, o cliente mais prejudicado é o de menor renda que só poderia comprar modelos de entrada, justamente os que oferecem margens baixas às empresas. “Não vemos espaço para baixar preços, o que só poderia ocorrer com uma redução drástica do dólar, e isso não está no horizonte. O dólar tende a ficar em curso de subida leve. Então não podemos esperar por quedas”, ressalta o consultor. “Até 2027 os preços dos veículos devem crescer condizentes com a inflação.” O presidente da Fenabrave, Andreta Jr, endossa que o fator preço foi fundamental para a recuperação do mercado nos últimos meses: “A MP foi muito importante para aquecer momentaneamente o mercado, mas o resultado de vendas de automóveis em agosto, agravado pela piora na oferta de crédito, já deixa clara a necessidade de uma política de fomento industrial de longo prazo”. Barros não alimenta expectativas nesse sentido: “Não temos expectativa de que haja outra medida do governo para desonerar produtos. Muito ao contrário temos Veículos leves vendidos nos três meses dos descontos Comparação com os mesmos meses e último trimestre de 2022 – em mil unidades 592,3 528,7 562,6 Junho/julho/agosto 2023 Junho/julho/agosto 2022 Outubro/novembro/dezembro 2022 Fonte: Fenabrave

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=