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46 Outubro 2023 | AutoData PERSPECTIVAS 2024 » RESUMO José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, avalia que as vendas de veículos leves estão em recuperação continuada, ainda que em baixa velocidade: “A partir de agora o mercado começará a reagir de forma constante e consistente, por isso acredito que 2024 seja o início de um novo ciclo de crescimento sustentável”. Para ele a fórmula para voltar acelerar o crescimento passa necessariamente pela recuperação da base da pirâmide de consumo: “Nossa expectativa é de crescimento com foco no carro de entrada. É onde podemos ganhar mais escala, trazendo de volta este consumidor para o veículo zero- -quilômetro. Para isto será preciso baixar os preços: o carro de R$ 70 mil precisa passar a R$ 60 mil, e assim por diante. Pelos nossos estudos ao fazer este movimento poderíamos acrescentar de 350 mil a 500 mil automóveis por ano no mercado”. CAMINHÕES E ÔNIBUS Veículos pesados passam por sofrimento adicional este ano: além dos juros altos demais, os preços subiram de 15% a 30% com a adoção obrigatória dos motores Euro 6, para atender à fase 8 do programa de controle de emissões, o Proconve P8, em vigor desde o início deste ano. Com isto houve uma corrida às compras de modelos Euro 5, mais baratos, no fim de 2022 e início de 2023. Apenas 35% dos caminhões e 24% dos ônibus vendidos de janeiro a agosto no País foram modelos Euro 6 produzidos este ano, os demais são Euro 5 fabricados até dezembro de 2022. O resultado dessa combinação é a queda acentuada nas vendas de caminhões este ano, na casa de 25%, para cerca de 96 mil unidades, segundo projeta a Fenabrave. Após tamanha retração será mais fácil apurar porcentuais altos de crescimento no ano que vem. Embora ninguém tenha se arriscado a fazer uma previsão assertiva para o segmento em 2024 a expectativa geral é de que os emplacamentos de caminhões voltem a ficar acima das 100 mil unidades, com continuação da alta demanda de transportes do agronegócio, podendo chegar a 110 mil com os estímulos trazidos pelas obras de infraestrutura do novo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento anunciado este ano pelo governo. No caso dos ônibus a recuperação vem sendo mais rápida, mas porque a queda foi a mais profunda no período de pandemia. Com isto, mesmo com os modelos Euro 6 mais caros, as vendas estão projetadas pela Fenabrave para crescer 19% sobre 2022, alcançando 26 mil unidades. A previsão é de que este número pode passar dos 30 mil em 2024, com a renovação de frotas – que ficou praticamente paralisada nos últimos anos – e novas licitações do Programa Caminho da Escola, que sozinho prevê a compra de 16,3 mil ônibus escolares para municípios de todo o País. PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO Como as exportações este ano estão em queda e respondem por menos de 20% de tudo que as fábricas produzem no País, a produção nacional de veículos é altamente dependente do desempenho do mercado doméstico. Com retração das vendas externas e avanço pífio das internas o ritmo das linhas de montagem também segue andando de lado. “Se quiser ser um grande produtor de veículos o País também precisa ser um grande exportador”, assinala Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. Mas este ano não foi assim, segundo ele por causa de retração acentuada dos principais mercados compradores, a começar pelo maior deles, @iStockphoto

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