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63 AutoData | Fevereiro 2024 Porém a Mercedes-Benz não pretende deixar Leoncini tão solto assim e vaai aproveitar todo seu vasto conhecimento do mercado. Um novo contrato já foi assinado no início deste mês para que ele assuma assento no conselho da empresa, o que inclui uma reunião presencial a cada trinta dias. Para além disto Leoncini estima que há espaço para participar de até cinco conselhos de empresas de outros setores. De fato não faltam bons conselhos a dar por quem trabalhou por 35 anos em empresas multinacionais, de 1988 a 2014 na área comercial da Scania e depois na Mercedes-Benz. São mais de quinze anos em cargos de alta liderança. Desde 2021 Leoncini já vinha se preparando para este momento: naquele ano fez pós-graduação para conselheiro de administração no IBGC, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. “Não quero ser o conselheiro chato. Quero fazer provocações de uma maneira diferente, pois até então não tinha liberdade para escutar e dizer algumas coisas pois meu cargo não permitia. Não quero perder a ligação com a realidade. Quero poder contribuir.” Hábito que será preservado, segundo o executivo, é a troca de figurinhas com profissionais que não integram a área de transportes, como os do setor de inovação, ESG e fundos de investimentos. RELAÇÕES SÓLIDAS Escorpiano nascido em 11 de novembro, e que em 2023 completou 60 anos, Leoncini diz que carrega consigo a característica de seu signo, de manter relações sólidas, leais e parceiras. Ele considera um valor adquirido as amizades que fez com clientes e fornecedores. Um deles, que no passado era o “cara que fazia camisas” para ele e outros executivos, estudou gastronomia na Espanha e abriu restaurante de paella em São Bernardo do Campo, SP. Mas na pandemia precisou se reinventar e aprendeu a fazer pizza: “É a melhor da cidade e agora ele me deu a oportunidade de treinar com o profissional que o ensinou”. A gastronomia, que sempre andou de mãos dadas com sua rotina – por diversas vezes cozinhou para clientes, distribuidores e, inclusive, jornalistas –, agora terá mais espaço em sua agenda. A desaceleração do ritmo de trabalho permitirá, ainda, a mudança de endereço para Sousas, pequeno distrito de Campinas, SP. Paulistano do bairro Planalto Paulista, ele morou boa parte de sua vida em Santo André, vizinha de São Bernardo na Região do ABC, a fim de facilitar seu deslocamento para a Scania e, posteriormente, para a Mercedes-Benz, a poucos quilômetros de distância. Como a família da esposa é de Santo André a base será mantida, até para os dias nos quais tiver reuniões presenciais nos conselhos – e, não menos importante, para colocar em prática seu estágio de pizzaiolo. RENASCIMENTO PROVOCADO Quando Philipp Schiemer, então presidente da Mercedes-Benz do Brasil, em 2014, trouxe Leoncini para liderar suas operações comerciais, sua incumbência era aproximar-se dos clientes, passando a ouvi-los, uma vez que a empresa, e seus executivos, era vista como arrogante e distante de seu público-alvo. Leoncini resume o resultado da incumbência: “O sentimento é de missão cumprida pois acho que fui um agente de provocação para mudanças que deram certo”. Desde o início de sua trajetória na Mercedes-Benz ele conta que pressionava e desafiava a rede a aumentar o nível do serviço e a venda de contratos de manutenção, a prestar atenção na telemetria. Tal obsessão tornou-se um mantra na organização e mudou para melhor o relacionamento com os clientes. “Meu papel foi mostrar ao transportador que ele poderia sentir-se em casa na concessionária, com preço justo e qualidade de serviço. Hoje, antes de qualquer tomada de decisão, é questionado se isso trará algum valor ao cliente.” Outro desafio foi melhorar os produtos e a produção: “Nisso mexemos bastan-

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