408-2024-03

73 AutoData | Março 2024 SEM CLASSE MÉDIA NADA FEITO Carlos Tavares se referiu várias vezes, durante o anúncio do investimento para a imprensa em Brasília, à importância de os planos de produtos atenderem à classe média ou, no caso dos países em desenvolvimento, à maioria dos clientes interessados em adquirir um veículo: “Nós pensamos primeiramente na classe média. Temos de desenvolver tecnologias para um grande volume, ou não haverá impacto [na descarbonização]. Por isto nossa prioridade é a classe média, queremos dar acesso a estas tecnologias para gerar volume e contribuir para a grave questão das emissões”. O interesse é oferecer produtos acessíveis, pois só assim haverá redução significativa das emissões, como pontua Tavares: “O mais importante é o alinhamento do valor com a expectativa de gerar eficiência em nossos produtos. Teremos veículos eficientes do ponto de vista da emissão e do consumo e, também, acessíveis à maioria dos consumidores”. O executivo chefe da quarta maior fabricante global de veículos conclui que vender muitos carros mais eficientes será o caminho da Stellantis porque “o único número que interessa é o resultado da empresa, capaz de gerar lucro para continuarmos investindo na operação”. Sobre os elétricos puros Tavares apontou o comportamento dos consumidores em alguns mercados na Europa: “Quando os incentivos para a compra acabaram o cliente disse: elétrico, tudo bem, mas precisa ter o preço de um carro com motor térmico”. Segundo o CEO da Stellantis por isto as vendas estagnaram na Europa e nos Estados Unidos: o consumidor ainda não está convencido, preferindo pagar o preço do produto tradicional aos elétricos, que ficam bem mais caros sem os descontos dos programas de incentivos dos governos. Ele calcula que a aproximação dos preços dos veículos tradicionais aos dos elétricos puros comece a partir de 2026, 2027. Mesmo assim ainda é uma incógnita porque os insumos necessários, como os metais utilizados na bateria, podem limitar a redução dos preços, “pois seria importante substituir os materiais raros das baterias porque sua escassez não permitirá que os preços dos veículos caiam”. Em uma agenda corrida de dois dias e meio Tavares visitou fábricas, participou de ações com os funcionários, dirigiu alguns carros que ainda não foram lançados, esteve em reunião com o presidente Lula e anunciou um programa histórico de investimento no País. Na tarde de 7 de março encerrou sua terceira passagem pelo Brasil como CEO da Stellantis levando na bagagem planos, tecnologias e a esperança de que possam fazer a diferença — não só por aqui mas em muitos outros lugares.

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=