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51 AutoData | Abril 2024 LUCRO COLATERAL Interessante notar a volúpia dos fabricantes de veículos em investir bilhões no País que há anos não cresce o quanto deveria para justificar tantos aportes. Desde a crise econômica de 2015 a 2017 e da eclosão da pandemia, em 2020, o mercado brasileiro mal consegue superar 2 milhões de veículos por ano e as exportações, dependentes de países vizinhos sempre com problemas iguais ou maiores que os nossos, também não avançam. A combinação deixa fábricas ociosas, estacionadas na metade da capacidade produtiva. Ocorre que os fabricantes aprenderam a viver neste ambiente: se não ganham mais com grandes volumes de produção apostam na rentabilidade dos produtos vendidos. Assim a legislação cada vez mais rigorosa de emissões e segurança foi aproveitada para lançar carros recheados de tecnologias – muitas delas importadas – em modelos maiores, os SUVs. Essa combinação tornou os veículos tão mais caros quanto rentáveis. Nada indica que os investimentos bilionários recém-anunciados vão mudar esse cenário. Muito ao contrário os fabricantes programam o lançamento de mais SUVs e picapes que tendem a ser ainda mais caros com a adoção de propulsão híbrida, pois são equipados maior número de sistemas e complexidade tecnológica em comparação com um modelo a combustão. Também não se espera crescimento da produção em escala suficiente para baratear todos esses componentes, muitos dos quais seguirão sendo importados, pois não há previsão de produção nacional de itens essenciais às novas tecnologias como células de baterias ou microchips. Com tantos investimentos anunciados, se de fato todos forem realizados, é certo que a indústria automotiva instalada no Brasil vai se movimentar em direção a um futuro com tecnologias mais sustentáveis. Mas ainda é incerto se o mercado doméstico e exportações crescerão o suficiente para pagar a conta. Divulgação/BYD Investimento da BYD em Camaçari: ampliação de R$ 3 bilhões para R$ 5,5 bilhões.

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