38 Setembro 2024 | AutoData POLÍTICA INDUSTRIAL » SEMICONDUTORES com formação de pessoas. Agora teremos bolsas de estudo para doutorado de um valor interessante. E se conseguirmos atrair talentos de fora pra cá, pra trabalhar nestes projetos, acho que a gente consegue acelerar”. A importância da capacitação humana também é levantada por Flávio Sakai: “Algo que falta ao País é conseguir voltar a investir nas cabeças. Isso sempre ajuda a trazer tecnologia e industrialização. As coisas andam juntas, não adianta tentar trazer uma indústria se não há uma força de trabalho adequada para isto, tanto de mão-de-obra especializada quanto de cérebros especializados”. OPORTUNIDADES DE NACIONALIZAR Pensando na área automotiva Wanderlei Marinho observa que os semicondutores são componentes integrados que podem ser microprocessadores, microcontroladores ou mesmo dispositivos utilizados em processamento do tipo GPU, sigla inglesa para unidade de processamento gráfico. Portanto, em tese, há várias frentes possíveis de atuação no mercado de chips eletrônicos para automóveis. Flávio Sakai, por sua vez, sinaliza uma linha mais específica para se investir, as memórias: “Eu tive esta conversa com Margarete Gandini, do MDIC, e acho que pode ser interessante para a área automotiva aproveitar justamente essa janela, na qual já existem alguns componentes que são industrializados regionalmente, aplicados, por exemplo, em celulares”. De acordo com ele as memórias são itens comuns que, com poucos requisitos a mais de qualificação e validação, podem ser usados nos automóveis: “Os perfis, as bases dos componentes, os chipsets são os mesmos. Na área de processamento nós utilizamos, por exemplo, alguns processadores nos nossos multimídias, em infotainment, que são comuns com celulares. São os mesmos fornecedores, a mesma família de processadores, as mesmas famílias de memória. Eu apoio iniciativa neste sentido”. Ele conta que existem cenários nos quais o processo de fabricação do componente é 90% o mesmo e cumpre-se uma etapa a mais para atender ao setor automotivo, como uma análise extra: “Às vezes, do mesmo lote produtivo, seleciona-se quais itens são automotivos e quais não, em função de testes e verificações. Então o processo pode ser, em boa parte, comum”. O especialista ressalta que, em parceria com Sindipeças e Anfavea, já foi realizado um pré-treinamento para indústrias locais de semicondutores, explicando algumas questões do segmento automotivo: “Até para eles começarem a pensar qual seria o desafio além de oferecer o que eles já estão fazendo na área de eletrônicos de consumo. O retorno foi positivo, pois não existia nada que os impediria de fornecer ao setor automotivo. Mas são estudos que a gente está começando agora”. Segundo Erwin Franieck exemplos de sucesso no Exterior podem ser replicados aqui e, nesse sentido, já foram iniciadas conversas com a Indonésia, que é um dos grandes fornecedores de componentes automotivos de microeletrônica: “Eles conseguiram porque tiveram também o incentivo, como o Brasil está tendo agora. Eles têm todo o caminho das pedras de como fazer isso e já estamos fazendo parcerias com algumas empresas de lá para virem fabricar aqui”. ESTÍMULOS DE LONGO PRAZO Franieck lembra que o programa Nova Indústria Brasil ajudou a colocar o setor automotivo em uma estrada já aberta, com Divulgação/Harman Arquivo Pessoal Freepik
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