21 AutoData | Junho 2025 Pelé foi o garotopropaganda da primeira Honda CG produzida no Brasil: sucesso imediato desde o primeiro ano apesar do preço alto, de metade do valor de um Fusca. Embora não haja um posicionamento oficial da Honda sobre o nome da moto a sigla CG significaria City General, ou moto urbana de uso geral. A primeira CG 125 era muito simples: tinha partida a pedal e freios a tambor. Nem por isto era barata: segundo a publicidade de lançamento, com ninguém menos de Pelé como garoto-propaganda, uma CG 125 custava a metade do carro mais barato no País na época, o Fusca, cujo preço era de CR$ 36 mil 960 em novembro de 1976. Hoje o carro mais em conta, o Citroën C3 Live vendido por R$ 73 mil 990, custa 4,5 vezes mais do que a Honda CG de entrada, a 160 Start, R$ 16 mil 440. SINÔNIMO DE MOTO Apesar do valor elevado em 1976 o plano de utilizar a imagem de Pelé deu certo, o êxito foi imediato, como recorda Marcos Bento, diretor de vendas da Honda: “A CG virou sinônimo de motocicleta. O sucesso foi resultado da boa aceitação dos clientes e a produção tornou-se viável graças à contribuição de fornecedores locais. Trinta deles estão com a Honda desde o início. Temos hoje cerca de 150 fornecedores [da planta de Manaus], 32 deles instalados perto da fábrica”. Segundo Bento a moto que deu origem à primeira CG nacional também teve carreira internacional, foi produzida na Tailândia e Nigéria. E o projeto antigo ainda segue vivo: uma pesquisa na internet mostra que o Paquistão tem hoje três versões à venda de uma motocicleta Honda com o nome CG 125, com aparência dos anos 1970, o consagrado motor OHV e opções de quatro ou cinco marchas. De acordo com números da Honda a CG conquistou a liderança do mercado brasileiro desde o lançamento. E sua produção local consolidou a cadeia de fornecedores que tornou viável a chegada de outros modelos, tanto os de baixa cilindrada, como a 125 ML e 125 Turuna no fim dos anos 1970, como também modelos mais potentes como a CB 400, em 1980. A produção local também resultou na criação da associação dos concessionários, a Assohonda, fundada em 1979, que um ano depois já reunia 254 concessionárias. Hoje são cerca de 750. O empresário Joaquim Rangel, revendedor Honda há trinta anos, diz que as entregas de CG rendem boas histórias: “Lembro de um cliente que se ajoelhou com as mãos sobre a moto, rezando e agradecendo a conquista”. Pouco após a formação da Assohonda surge também o Consórcio Nacional Honda: “Foi criado em 1981, já enxergando que a economia e o mercado brasileiro precisavam de um instrumento popular de vendas”, diz Marcos Bento. “Atualmente ele é responsável por mais de 30% do volume de distribuição”. PRODUÇÃO VERTICALIZADA Quando foi inaugurada a Moto Honda da Amazônia tinha 9,7 mil m2 de área construída. Hoje são 311,6 mil m². E a área total passou de 337,1 mil m² para 763,5 mil m². A ampliação decorre do aumento da oferta de modelos e da produção interna de componentes. É a fábrica mais verticalizada da Honda no mundo. Tem uma grande fundição de alumínio em que produz peças de motor e rodas, por exemplo. A Honda produz boa parte dos componentes para suas motos. Em quase cinco décadas a empresa adquiriu equipamentos para fabricar peças de aço sinterizado, aros de roda e até os tubos utilizados nos chassis, além de selins, peças plásticas e sistemas de escape. A unidade tem hoje 9 mil empregados e produz 6,5 mil motos por dia, sendo um terço disto de modelos da linha CG. Em
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