422-2025-06

7 AutoData | Junho 2025 cerca de 14,7 milhões de pessoas deixaram de passar fome de um ano para outro neste país infeliz. O PIB deste país surpreendeu novamente os pessimistas e cresceu 1,4% no primeiro trimestre, índice superior ao dos países da OCDE e do G7 – ambos os grupos avançaram minguado 0,1%. O crescimento se dá a despeito da imposição de uma assombrosa taxa básica de juros, de 14,75% ao ano, 9 pontos percentuais acima da inflação, que desincentiva investimentos. Estas surpresas do PIB ocorrem desde 2020 neste país infeliz, quando se projetava recessão de 6,5% e ela foi de 3,3%. Em 2021 a expansão prevista era de 3,4% e a efetivada foi 4,8%. Em 2022 estimava-se 0,3% e deu 3%. Em 2023 o esperado era 1,4% e deu 2,9%. Em 2024 previa-se 1,6% e deu 3,4%. Neste país observa-se que os empresários estariam insatisfeitos, mas os lucros das empresas no primeiro trimestre foram excepcionais e superaram as expectativas do mercado. O lucro líquido das 387 companhias abertas não financeiras subiu 30,3% no trimestre, para R$ 57 bilhões, e as receitas cresceram 13,9%, para R$ 976,7 bilhões Na área financeira os lucros dos quatro maiores bancos no primeiro trimestre cresceram em média 7,3% e somaram R$ 28,2 bilhões. Um bancão aumentou seu resultado em 39% na comparação com o mesmo período do ano passado. Neste país pessimista, atingido há décadas pelo vírus da desindustrialização, a indústria voltou a crescer: 3,1% no ano passado. Em março avançou 1,2% sobre fevereiro e 3,1% sobre março de 2024. Por que, afinal, a bruma pessimista continua a embaçar toda a economia deste país infeliz? Se prevalecesse a Lei Carville (É a economia, estúpido!), cunhada na campanha presidencial de Bill Clinton, em 1992, esta neblina não faria sentido. Resumindo: neste país infeliz a inflação está abaixo da média nacional dos últimos trinta anos, a renda dos mais pobres cresce mais do que a inflação de alimentos, principal item de consumo nessa faixa de rendimento, o nível de desemprego é o mais baixo da história, o número de pessoas em situação de fome caiu 85% em um ano, a desigualdade de renda é a mais baixa da história e a renda per capita a mais alta, o crescimento da produção surpreende positivamente há cinco anos, a safra de alimentos bate recorde, o lucro das empresas financeiras e não financeiras aumenta muito mais do que a inflação, a bolsa de valores quebra recordes e rentistas/investidores das classes média e alta ampliam seus patrimônios com os juros de dois dígitos. Neste país infeliz um partido de oposição pôs no ar uma peça publicitária engraçadinha dizendo ter saudade de um ex-presidente porque está tudo “caro”, fazendo rima com o nome do ex. Mas, nos quatro anos deste governo “saudoso”, a inflação média anual foi de 6,17%, índice bem maior que o dos dois primeiros anos do governo atual deste país (4,73%). Os alimentos estariam subindo mais, argumenta-se. Falso. Nos quatro anos “saudosos” os alimentos subiram em média 8,24% ao ano. Nos dois do atual mandato 4,36% ao ano. A peça publicitária foi contestada? Que se saiba, não. O debate econômico se dá basicamente em torno de problemas fiscais, que podem ter impacto nos próximos anos, mas não afetam hoje o humor e o dia a dia das pessoas. Ou este país infeliz tem graves falhas na comunicação ou talvez sua infelicidade e seu pessimismo não venham da economia, estúpido”.

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