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103 AutoData | Julho 2025 A data já era histórica pela celebração do décimo-primeiro aniversário da fábrica brasileira, que marcou o início de uma nova fase no País, em projeto fomentado pelo seu então presidente também histórico, o brasileiro-francês-libanês Carlos Ghosn, hoje baseado em Beirute, Líbano, e sem qualquer envolvimento direto com a companhia que o afastou há sete anos, em trama polêmica e ainda pouco esclarecida. Parte relevante dos R$ 2,8 bilhões aplicados pela Nissan no Brasil até o fim do ano fiscal, que será encerrado em março do ano que vem, foi destinado a Resende. A fábrica, que nos últimos anos andava às moscas com a produção de um único modelo, o Kicks da antiga geração, agora chamado de Kicks Play, terá três veículos em produção até 2026. MAIS TRABALHADORES E MÁQUINAS Todas as áreas da fábrica passaram por adaptações e modernizações. Segundo a Nissan foram instalados 98 novos robôs e 29 novos AGVs, sigla para automatic guided vehicles, carrinhos autônomos guiados por fitas magnéticas no chão, que transportam peças e veículos de um local ao outro de forma automática, segura e sem fazer muito barulho. Resende passou a ter 202 desses pequenos robôs autoguiados. Outros 1 mil 228 novos equipamentos e dispositivos foram adotados nas áreas do centro de produção, que ganhou mais automatização: só na área de solda de carrocerias o índice de automação saltou de 55% para 84%. O que não significa menos trabalhadores: na visita de Lula o presidente da Nissan América Latina, Guy Rodriguez, anunciou quatrocentas contratações, que se somam aos 2,2 mil trabalhadores já presentes na planta. Outras novidades na fábrica são uma nova prensa, de 600 toneladas, que fará as peças menores dos novos modelos, uma nova injetora e equipamentos como corte a laser e soldagem por ultrassom na área de plásticos, novas ferramentas monitoradas para controlar o torque dos parafusos e equipamentos para fixação do turbo na linha de produção de motores, que passou a montar o 1.0 turboflex que equipa o novo Kicks. A logística interna passou por reformulação e readequação, com a criação de novos espaços de armazenamento com o objetivo de agilizar a cadência produtiva. Quando o segundo SUV estiver em linha o ritmo de produção da fábrica crescerá em torno de 33%, de 24 para 32 unidades por dia, segundo Rodriguez, alcançando produção em dois turnos plenos. E o presidente para a América Latina deixou escapar: será ainda neste ano fiscal – ou seja, até o fim de março de 2026. NOVOS FORNECEDORES O Novo Kicks entrou em produção com mais de 60% de nacionalização, segundo Gonzalo Ibarzábal, presidente da Nissan do Brasil: “Queremos ir além disso. Acreditamos nos fornecedores locais e quanto mais etapas de produção tivermos por aqui melhor será para o nosso negócio”. Para a produção do novo modelo quatro novos fornecedores foram adicionados ao complexo: Ficosa, Jtekt, Usiminas e Valeo. Eles montam subconjuntos próximo às linhas de montagem e se juntaram a Sanoh e Marelli, que já estavam lá. Juntos elevam o total de funcionários trabalhando em Resende para mais de 3 mil pessoas. Outros importantes fornecedores do SUV são Faurecia, Yazaki, Yorozu, Mangels, Autometal, Autoliv, Bridgestone, Bosch, Saint-Gobain Sekurit, GKN, Trimtec, Gestamp, Brose e Autoneum.

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