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AutoData | Julho 2025 45 Imagem simbólica: o presidente Juscelino Kubitschek a bordo do Fusca conversível na inauguração oficial da fábrica da Volkswagen na Anchieta, em 1959. para montar modelos de marcas estrangeiras, e a estatal FNM, Fábrica Nacional de Motores, que montava caminhões sob licença da italiana Alfa Romeo. A nascente indústria de autopeças surgiu da necessidade de suprir partes de reposição durante a Segunda Guerra Mundial, quando faltaram os componentes importados. Mas esta mesma cadeia de suprimentos nacional que sustentou o mercado foi desprezada e sufocada no pós-guerra, com a volta das importações, embaladas por câmbio valorizado e saldo positivo de reservas internacionais. Mas justamente as importações de veículos e autopeças esvaziaram o caixa em dólares, pois no pós-guerra, de 1945 a 1952, as compras de produtos automotivos custaram ao País a média de US$ 143 milhões por ano – cifra que acrescida da inflação nos Estados Unidos, trazida a valor presente, chega a US$ 1,7 bilhão. Eram os itens que mais oneravam a balança comercial brasileira, com gastos acima do Reprodução Internet/Lexicar Divulgação/VW que os para importar gasolina ou trigo. Só em 1951 foi importado o volume recorde de 100,4 mil veículos, ao custo de US$ 276,5 milhões – ou US$ 3,3 bilhões em valor de hoje. Assim, pela dor, o governo percebeu a importância e a urgência de criar políticas propícias à nacionalização desta indústria. ESTÍMULOS À NACIONALIZAÇÃO O primeiro estímulo à fabricação de veículos e autopeças foi dado com a instalação da indústria de base no País, a começar pela mais importante delas para o setor, a siderurgia, com a fundação, em 1941, da CSN, Companhia Siderúrgica Nacional, que só fez sua primeira corrida de aço em 1946. Mas foi necessário fazer mais para estimular a cadeia automotiva nacional. Em 1952 a CDI, Comissão de Desenvolvimento Industrial, subordinada ao Ministério da Fazenda, criou a Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis, chefiada pelo engenheiro e almirante Lúcio Meira – um dos personagens centrais na história do desenvolvimento industrial do Brasil. A missão do colegiado era estudar e propor medidas para nacionalizar o setor e substituir importações. Foi o berço do protecionismo à indústria nacional que se estendeu por décadas à frente. A primeira medida baixada foi, em 1952, proibir a importação de autopeças que já tinham produção nacional. No ano seguinte foi a vez de vetar a importação de veículos montados, só era permitido trazer os produtos desmontados para montagem local, os CKDs. ...o pequenino Romi-Isetta, de 1956 ROMI: a linha de produção de Santa Bárbara... ...onde nasceu o primeiro carro nacional...

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