AutoData | Julho 2025 53 ESTAGNAÇÃO NOS ANOS 1980 Após 23 anos de crescimento quase que constante ano a ano a produção começou a cair a partir de 1981, estacionando na média de 800 mil veículos/ano até 1988, quando o patamar voltou a pouco mais de 1 milhão. Mas não houve evolução, a produção ficou estagnada no período que ficou conhecido como a década perdida, em uma combinação de hiperinflação e recessão econômica que sufocou o mercado. Os veículos produzidos no Brasil de então, com o mercado completamente fechado às importações, eram em sua grande maioria rústicos, ultrapassados tecnologicamente e, ainda assim, caros. Nem mesmo alguns lançamentos importantes dos maiores fabricantes no início da década, como o Volkswagen Gol em 1980 – e seus derivados nos anos seguintes –, o Chevrolet Monza em 1982, o Ford Escort em 1983 e o Fiat Uno em 1984, foram suficientes para reaquecer o mercado. O declínio foi parcialmente compensado por uma relevante invenção brasileira: o carro a álcool, lançado ainda em 1979, que ofereceu aos consumidores uma opção mais barata de combustível. As vendas só atingiram patamar relevante a partir de 1983, quando a rede de postos de abastecimento começou a atender a demanda. O pico aconteceu em 1985, com 92% dos emplacamentos representados por modelos a etanol naquele ano. Mas depois disto, quando os preços do açúcar subiram, os do petróleo desceram e começou a faltar álcool nos postos, as vendas desabaram, até praticamente sumirem, a partir de 1994. Com a queda do mercado doméstico as exportações ganharam importância. As vendas ao Exterior de veículos e motores começaram ainda em 1960, mas em grande medida eram negócios pontuais e por pouco tempo. Grandes contratos de exportação foram fechados na década de 1980. Em dez anos os volumes embarcados cresceram 150% e fecharam 1989 com 254 mil unidades exportadas, o equivalente a relevantes 25% da produção daquele ano, gerando superávit de US$ 1,9 bilhão na balança comercial de autoveículos. Fato relevante de consolidação do setor na década ocorreu em 1987, com a fundação da Autolatina, exótica associação das operações industriais de Volkswagen e Ford válida no Brasil e na Argentina, produzindo modelos originários uma da outra com novos nomes, como o Ford Versailles derivado do VW Santana e o Pointer baseado no Escort. A união de forças serviu para diluir os efeitos da crise que tinha potencial de fechar fábricas, mas durou só sete anos. A indústria terminou a década, em 1989, com mais de 20 milhões de veículos produzidos em 33 anos e 118,4 mil empregados por doze fabricantes – uma expressiva redução de 15,3 mil postos de trabalho desde o pico anterior de 1980. Com 1 milhão de unidades fabricadas naquele ano o Brasil era o décimo-primeiro maior produtor. A globalização do setor batia à porta e as importações seriam reabertas no ano seguinte. Para continuar existindo no Brasil montadoras, fornecedores, distribuidores, trabalhadores e governo teriam de retomar e refazer a política industrial do País. FIAT: fábrica de Betim inaugurada em 1976... ...começou produzindo o pequeno 147... ...que foi o primeiro carro a álcool, em 1979 Reprodução Internet/Lexicar
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