Julho 2025 | AutoData 56 Economistas e historiadores dizem que, naquela época, a indústria estava “deitada em berço esplêndido” com a reserva de mercado. Não havia competição externa, tampouco investimentos em desenvolvimento, apenas adequação de produtos às necessidades tupiniquins. As quatro grandes, Ford, General Motors, Volkswagen e Fiat reinavam com domínio superior a 90% das vendas de modelos leves no mercado brasileiro. Gente como os economistas Antônio Kandir e Ibrahin Eris, dentre outros, pensadores econômicos neoliberais do novo governo de Fernando Collor que se instalava, inspirados em alguns conceitos do Consenso de Washington, elaboraram uma estratégia exótica para controlar a inflação desmonetizando a economia, realizando um forte ajuste de gastos do Estado – o que não ocorreu –, a liberação do câmbio e várias outras medidas para promover a gradual abertura da economia brasileira. Em 16 de março de 1990 o Plano Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor, pegou muita gente de surpresa, sobretudo correntistas que tiveram suas contas confiscadas, e também a indústria automotiva nacional, pois na sequência da frase do presidente Collor de que os carros feitos no País eram carroças”, deu-se a abertura para a importações de veículos e o início de uma competição mais acirrada no mercado, por meio de reduções escalonadas da tarifa. DAS CÂMARAS AO CARRO POPULAR Para defender a indústria nacional da suposta invasão de veículos importados, produtos muito mais modernos e eficientes mas ainda muito taxados e caros, foram criadas as Câmaras Setoriais, a partir de 1992, com diversos interlocutores da área econômica do governo, treze entidades patronais, dentre elas Anfavea e Sindipeças, e sete sindicatos de trabalhadores, para que fossem discutidas novas regras de desenvolvimento industrial do País. Isto deu uma nova razão a até então despreocupada indústria automotiva nacional, pois foram definidas metas de conteúdo local nos veículos, investimentos em pesquisa e desenvolvimento e modernização tecnológica não só nos produtos mas também em toda a cadeia de produção. Em contrapartida, enquanto as Câmaras Setoriais elaboravam políticas de fortalecimento da indústria instalada no País, foram acordadas reduções graduais do imposto de importação, que dos 85% caiu para ainda protecionistas 60% em 1991 e a 50% em 1992. Dentre as muitas medidas importantes negociadas pelo colegiado as que mais merecem destaque dizem respeito à redução de tributos e margens de lucro ao longo de toda a cadeia, incluindo fabricantes de veículos e de autopeças e os distribuidores conEm 1993 a Volkswagen produziu o Gol número 1 milhão, pouco antes do lançamento da nova geração. Em 1993 a GM produziu o primeiro Corsa em São José dos Campos: globalização chegou ao carro popular. O Chevrolet Omega começou a ser produzido pela GM no Brasil em 1992, com tecnologia e luxo inéditos no País: concorrência com os importados. Divulgação/VW Divulgação/GM Divulgação/GM ESPECIAL 100 MILHÕES » A ABERTURA [1990 - 1995 » 7,5 MILHÕES]
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