AutoData | Julho 2025 59 leves e pesados. Foram 910 mil automóveis, com 27% ou 243,5 mil unidades, de carros populares. Em agosto de 1993 o presidente Itamar Franco, vitorioso com sua política que reaqueceu a indústria, foi até a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, SP, reinaugurar a linha do Fusca, cuja produção tinha sido encerrada em 1986. Foi um pedido pessoal do mandatário à companhia. O modelo com motor de 1,6 mil cm3 de cilindrada, movido a álcool, foi casuisticamente incluído no programa de desconto máximo do IPI, contrariando a regra do carro popular 1.0. Ficou conhecido como o Fusca do Itamar e durou até 1996. A JABUTICABA AUTOLATINA O relançamento do Fusca talvez tenha sido um dos últimos capítulos de uma das mais famosas jabuticabas brasileiras, a Autolatina. Criada em 1987, passando a operar integralmente somente em 1990, reuniu em uma joint-venture as operações da Volkswagen e da Ford no Brasil e na Argentina. O objetivo seria compartilhar custos de operação, componentes, produtos e tecnologias e ampliar a participação em mercados que eram pequenos demais para acomodar os volumes das duas concorrentes. Apesar de ter sido responsável por 60% das vendas no Brasil e por 30% na Argentina e de compartilhar motores, plataformas e até projetos – como o da cabine do caminhão Ford Cargo que foi decisivo para o desenvolvimento da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que desde 1990 já produzia seus veículos na antiga fábrica da Ford no Ipiranga –, a falta de investimento externo, pois as duas marcas eram competidoras globais, e a própria competição interna, criou uma série de dificuldades para a operação em conjunto. Foram anos bastante conturbados devido a uma série de acontecimentos. Ao mesmo tempo em que os carros populares aumentavam a participação nas vendas, ocupando as fábricas e trazendo muito trabalho no lançamento de novos modelos e para as áreas de marketing e comercial, os importados mais luxuosos, equipados e rentáveis também avançavam no mercado interno. O presidente da Autolatina à época, Pierre-Alain De Smedt, que se converteu em presidente da Volkswagen após o fim da joint venture, disse que o encerramento da sociedade, decidido em 1994, foi decidido de forma bastante tranquila porque “mudou a situação do Brasil”. À Folha de S. Paulo, na edição de 2 de dezembro de 1994, ele reforçou o sucesso da joint-venture com o objetivo de otimizar a produção no País quando a economia estava fechada: “Com uma economia aberta, onde entram no mercado os mais modernos veículos importados, Volkswagen e Ford não podem mais produzir veículos que não fazem parte da JABUTICABA AUTOLATINA A união das operações industriais de Ford e Volkswagen no Brasil e na Argentina durou até 1994 e criou modelos exóticos como o Pointer, sobre plataforma do Escort, e o Versailles que derivava do Santana Divulgação/VW Divulgação/Ford
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