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AutoData | Julho 2025 63 mais uma vez adotando proteção tarifária contra importações para favorecer a produção nacional. O Regime Automotivo trouxe ao País dezenas de novas multinacionais, fabricantes de veículos, sistemas automotivos e autopeças, modernizou e dinamizou o parque industrial já instalado. Bem-vindo aos novos anos de ouro da indústria automotiva nacional. Basicamente a nova política industrial desenhada para o setor adotou a estratégia do bode na sala: primeiro, em março de 1995, elevou o imposto de importação sobre veículos a estratosféricos 70% – a alíquota foi reduzida a 65% em 1996 e nos dois anos seguintes caiu a 60% e 45%, para só em 1999 voltar ao patamar até hoje estabelecido, de 35%. Na sequência o governo acenou a isenção parcial da tarifa a todos os importadores – inclusive fabricantes tradicionais já instalados no País – em troca de investimentos na produção nacional. Deu certo e a retirada do bode do imposto da sala atraiu investimentos estimados de US$ 20 bilhões em construção de novas fábricas de veículos, tanto de novos fabricantes – que ficaram conhecidos como newcomers – como de empresas com presença mais antiga. Paralelamente muitos estados como, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Bahia, dentre outros, deram início a uma guerra fiscal com a concessão de descontos no ICMS e outros benefícios para atrair as novas fábricas de veículos, o que acabou por descentralizar a indústria, até então muito concentrada em São Paulo. MOMENTO FAVORÁVEL Porém, antes de seguir com essa rica parte da história da indústria automotiva, que resultou na descentralização do eixo produtivo, na valorização da engenharia nacional, em especialização de trabalhadores e mais de investimentos, é preciso considerar a transição tecnológica pela qual a indústria global de veículos passava, que desenhava um contexto favorável para expansão de empresas do setor para fora dos mercados desenvolvidos, em busca de oportunidades nos ditos emergentes, onde havia espaço para crescer. Na década de 1990 os planos de negócios e os novos projetos de produtos ficaram mais dinâmicas por causa do aumento da competitividade nos mercados europeu e estadunidense. Isto resultou na redução do número de plataformas de veículos e, ao mesmo tempo, na elevação de sua padronização, assim como na aceleração do ciclo de vida do produto e das tecnologias aplicadas. Tudo isto foi possível pela adoção de arquiteturas modulares, um conceito recém-utilizado e amplamente aplicado nas novas fábricas brasileiras. Consolidou-se o modelo de outsourcing – ou terceirização – dos processos produtivos, compartilhando custos de deConsórcio modular da VWCO foi considerado a terceira revolução industrial por José Ignácio López de Arriotúa, presidente do conselho da Volkswagen Fornecedores compartilhavam não só o desenvolvimento, mas o condomínio e a linha de montagem da fábrica da VWCO em Resende, RJ Divulgação/VWCO Divulgação/VWCO

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