Julho 2025 | AutoData 64 senvolvimento com fornecedores em toda a cadeia. Este é um capítulo decisivo para a indústria nacional, pois o outsourcing e as plataformas modulares trouxeram os principais fabricantes globais de sistemas automotivos complexos, vieram produzir aqui o que já produziam lá fora, o que fomentou o desenvolvimento da cadeia de fornecedores. Também reduziu a verticalização e a concentração da produção nas montadoras, ao mesmo tempo em que facilitou a adaptação de partes e componentes específicos aos veículos produzidos sobre plataformas modulares. Está aí o segredo para a aceleração do ciclo de vida do produto: produzindo diversas versões sobre uma mesma plataforma a um custo mais baixo os ganhos foram maximizados. O que é comum, hoje, nos grupos automotivos, fabricando na mesma linha de montagem veículos de categorias diferentes e de marcas totalmente distintas, que compartilham os principais itens, como chassis, carroceria, powertrain e acabamento, é resultado direto da evolução do outsourcing e das plataformas modulares. Este modelo caiu como uma luva na combalida indústria brasileira dos anos 1990, que desta forma atualizou suas tecnologias de produção e produtos ao mesmo tempo em que resguardou a tradição de produzir veículos com características específicas para o mercado interno. O desenvolvimento em parceria das montadoras com os grandes sistemista criou novos modelos de negócios, alguns deles inéditos no Brasil e no mundo: condomínio industrial e consórcio modular são conceitos produtivos que surgiram como soluções de economia de escala e menor custo operacional, com empresas parceiras das montadoras instaladas ao lado ou até mesmo dentro da fábrica, executando funções junto à linha de montagem. O ROTEIRO DO REGIME Apesar de existir um cenário internacional favorável para atrair para cá novos fabricantes de veículos e sistemas, o contexto econômico brasileiro favorecia as importações, pois o governo neoliberal recém-empossado havia lastreado o Plano Real em uma insustentável âncora cambial que equiparava o real ao dólar. Deu certo para matar a hiperinflação que flagelou os brasileiros por décadas, mas acertou em cheio em uma indústria até então protegida e ineficiente. O resultado imediato foi o salto das importações acompanhado de desindustrialização. Ao estabilizar o poder de compra por meio do equilíbrio do valor da moeda o Plano Real gerou um efeito-renda positivo para os consumidores brasileiros, além de permitir um planejamento mais estável para as famílias, o que tornou viável a tomada de crédito. E a intenção de comprar veículos mais modernos e bem-acabados. Com o mercado reaquecido o governo almejava adotar uma política industrial homogênea e com pouca interferência do Estado, sem considerar as características particulares de cada setor. Mas a escalada das importações logo reduziu a pó as minguadas reservas internacionais, Investimentos motivados pelo Regime Automotivo (1995 – 2001) Fontes: BNDES, Revista AutoData 1996 VWCO US$ 250 milhões 1997 Honda US$ 100 milhões 1997 Iveco R$ 570 milhões 1998 Chrysler US$ 315 milhões 1998 Mitsubishi/HPE Não especificado 1998 Renault R$ 1 bilhão 1999 CAOA/Hyundai R$ 1,2 bilhão 1999 VW/Audi US$ 750 milhões 1999 Ford R$ 1,3 bilhão 1999 Mercedes-Benz US$ 820 milhões 2000 Iveco R$ 570 milhões 2000 Nissan R$ 2,6 bilhões 2001 PSA Peugeot Citroën US$ 600 milhões ESPECIAL 100 MILHÕES » O NOVO SALTO [1996-2010 » 34,4 MILHÕES]
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