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7 AutoData | Julho 2025 LEITURA DE ECONOMIA Em 7 de julho o jornalista Pedro Kutney publicou no Portal AutoData sua coluna Observatório Automotivo com o texto Carro popular só se repete como farsa. Trata-se de imersão no passado até que recente. Vale a leitura: “Já esperando as pedradas pela citação ‘a história se repete como farsa’, como a escreveu Karl Marx em O 18 de Brumário de Luiz Napoleão, ainda em meados do século 19. Pois o conceito é análogo à pretensa recriação do carro popular no Brasil, com isenção de IPI para os mais baratos, desde que 100% produzidos no País, mais recicláveis e econômicos no consumo e nas emissões de CO2. Aquele que está sendo chamado pelo governo e pela indústria de ‘carro sustentável’ se enquadra nestes critérios para redução do imposto, segundo consta em uma minuta de portaria do MDIC – à qual a Agência AutoData teve acesso no fim de junho – que instituiria o chamado IPI Verde, que reduz taxação de carros ambientalmente mais sustentáveis e pune os menos, conforme ficou estipulado na lei que criou o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, no início de 2024. A iniciativa é defensável mas nada tem de popular, dificilmente promoverá a popularização do acesso ao carro zero-quilômetro, como ocorreu no fim dos anos 1990 e na primeira década deste século 21, quando toscos modelos 1.0 chegaram a representar de 60% a quase 70% das vendas no País. O IPI sobre estes carros partiu de 0,1% só no primeiro ano, em 1993, subiu depois para 8% e para 10% nos anos seguintes e ficou estabilizado em 7% desde 2004, com reduções que variaram de zero, 5%, 3% a 2% para driblar crises econômicas de 2008 a 2014. Mais recentemente, em 2022, houve novo corte para 5,27%, o nível atual, que cairia para zero para modelos dentro dos padrões determinados pelo governo – o que foi confirmado dias depois, em 10 de julho, com a publicação do decreto que estabelece novas alíquotas de IPI para veículos (leia reportagem nesta edição).. As condições atuais de mercado são bastante diferentes daquelas dos anos de grandes vendas de carros populares: em primeiro lugar porque caiu muito o número de modelos 1.0 que poderiam ser taxados como populares, enquanto a diferença do IPI para outras opções mais potentes também caiu muito. Atualmente os modelos 1.0 representam 53% das vendas, mas algo como 30% deles são equipados com motores turboflex que, embora também gozem de IPI menor, custam todos acima de R$ 100 mil e não se encaixariam nos padrões para a zeragem do imposto, que atingiria somente as versões mais baratas. Questão não menos importante são preços e juros nas alturas. Os carros 1.0 mais baratos do mercado em nada se comparam aos toscos modelos vendidos dez anos atrás, uma das razões para que um carro de entrada – antes da publicação das novas alíquotas e a concessão de descontos – tenha preços de tabela que começam em R$ 80 mil e chegam perto dos R$ 100 mil. Por exemplo: o Renault Kwid mais barato, versão Zen, estava tabelado em R$ 80,7 mil, e neste preço está incluso sistema start-stop, freios com ABS, controle eletrônico de estabilidade e tração, monitor de pressão dos pneus, luzes de condução diurna, ar-condicionado e direção assistida elétrica. Nenhum destes itens fazia parte do cardápio de série de um carro popular

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