Julho 2025 | AutoData 70 23,4%, para pouco mais de 1,5 milhão de unidades. A venda de automóveis despencou mais de 25%, a de comerciais leves quase 20%. No ano seguinte mais um tombo: queda de produção de 14,5% sobre o desastre de 1998, retração das vendas de 12,2% em automóveis e de 26,2% em comerciais leves. Para piorar as exportações, que nos dois anos anteriores tinham superado 400 mil unidades, alcançaram pouco mais de 274 mil unidades com a crise atingindo em cheio o principal parceiro comercial, a Argentina. A receita ortodoxa do governo neoliberal de plantão, com o aumento de taxas de juros em um mercado que se acostumava com a previsibilidade do financiamento e diversos ajustes fiscais, como a âncora cambial, ocasionaram uma forte contração do crescimento econômico. Este movimento causou uma lenta recuperação da indústria automotiva exatamente quando boa parte dos novos fabricantes iniciavam suas operações ou estavam no meio do ciclo de investimentos. Por isto a produção, as vendas domésticas e as exportações tiveram um lento processo de recuperação até 2004, quando foi superada pela segunda vez na história as 2 milhões de unidades produzidas. CONSOLIDAÇÃO Uma das newcomers acabou desistindo da operação brasileira, pela segunda vez. A Chrysler, que em junho de 1998 deu início a produção da picape Dodge Dakota em Campo Largo, PR, resultado do investimento de US$ 315 milhões, anunciou em 2000 que encerraria suas atividades no ano seguinte. A razão tem muito menos a ver com a turbulência das crises internacionais ou até mesmo do desempenho do produto no mercado interno, mas com as decisões estratégicas globais da nova organização, o Grupo DaimlerChrysler, fusão da Chrysler com a Mercedes-Benz realizada em 1998, que considerou muito baixa a escala de produção da unidade no Brasil, o que levou o encerramento das atividades, em abril de 2001. O fim da operação da Chrysler foi um marco e uma lição para a cadeia automotiva nacional, pois demonstrou que apenas o mercado interno não geraria a escala necessária que justificasse os investimentos e a consolidação de um relevante polo produtivo regional. Assim a produção não apenas de veículos completamente montados, mas também de CKD, ganhou força, sobretudo no segmento de veículos comerciais. Houve um esforço maior para que o Brasil se transformasse em base global de produção de veículos. E a recuperação macroeconômica global justificava a tática. Em 2002 e 2003 a indústria começou a recuperar escala de produção pela via das exportações, que saltaram respectivamente para 424 mil e para 535 mil unidades. Mas foi em 2004, com a produção de 2 milhões 317 mil unidades, sendo 193 mil unidades em CKD e com a exportação recorde de 759 mil, que se consolidou o parque automotivo brasileiro com números que nunca mais estiveram abaixo do 2 milhões de veículos produzidos. O recorde de exportação até os dias de hoje pertence a 2005, com 897 mil unidades [incluindo CKD]. FLEXFUEL E DOMÍNIO DA ENGENHARIA Neste período entrava em cena uma nova tecnologia, talvez o maior legado da engenharia nacional até hoje, que permitiu ESPECIAL 100 MILHÕES » O NOVO SALTO [1996-2010 » 34,4 MILHÕES] Primeiro automóvel Mercedes-Benz feito no Brasil, o Classe A tentou popularizar a marca de luxo no País Divulgação/MB
RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=