AutoData | Julho 2025 71 ao motorista escolher qual combustível usar: gasolina, etanol ou a mistura deles em qualquer proporção. A tecnologia flexfuel revolucionou o mercado nacional em um momento de crescimento da economia e do poder de compra do consumidor, tanto no Brasil quanto na América do Sul, e ajudou a aquecer as vendas. O Regime Automotivo condicionou os incentivos ao desenvolvimento local e o Brasil passou a trabalhar em todo o tipo de tecnologia, como foi o caso do motor flex. Ficou popular o termo tropicalização, que levava em conta as condições regionais para o aperfeiçoamento técnico e tecnológico dos produtos feitos no País – ou, também, a amputação de tecnologias para deixar o produto mais barato. O Brasil se transformou em base global de desenvolvimento de produtos específicos para algumas montadoras, com os centros de engenharia ganhando relevância e muitos profissionais formados aqui. O engenheiro brasileiro é criativo e de baixo custo e até hoje é referência em algumas áreas, como no desenvolvimento de softwares e de sistemas de infoentretenimento. Neste contexto a tecnologia flex inspirou o desenvolvimento de outras soluções, impulsionando o segmento de biocombustíveis, ao mesmo tempo em que dominava o mercado. A partir do momento em que passou a representar mais de 50% das vendas de automóveis no mercado interno, em 2005, o flex praticamente extinguiu outras opções de motorização na produção nacional. ESCALADA PRODUTIVA Em 2007, 2008 e 2009, anos em que se escalou a produção de 2,6 milhões ao recorde de 3,2 milhões, os automóveis bicombustível representaram respectivamente 88%, 90% e 91% de todas as vendas de veículos leves. Neste período o Brasil escalou o ranking global e se fixou como o sexto maior produtor mundial de veículos. Em 2006 o crescimento do PIB, a expansão do crédito e da massa salarial formavam o tripé econômico que fazia o Brasil bombar. Mesmo com a valorização cambial, que aos poucos foi minando o potencial brasileiro de exportações, especialmente de 2007 a 2009, o mercado interno sustentou um ritmo de produção que ultrapassava 3 milhões unidades/ano dew forma consistente. Dados do Iedi, Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, mostram que os licenciamentos saltaram de 1 milhão 740 mil, em 2005, para mais de 3,5 milhões em 2010, crescimento de 105%. Neste mesmo período a produção nacional cresceu 43%, segundo o instituto. Esta forte demanda doméstica refletia o crescimento da classe média brasileira e também o resultado de políticas sociais de transferência de renda, do aumento do emprego e da continuidade da expansão do crédito. Contudo, o sucesso da primeira década do século 21 escondeu algumas fragilidades, como a valorização do real combinada com juros altos e foco nas commodities, especialmente as agrícolas. Isto tornou o País menos competitivo no cenário global. Com a indústria automotiva vulnerável por causa do custo Brasil, sua competitividade internacional diminui. Ainda assim o mercado interno seguiu forte, fazendo com que a produção ultrapassasse a primeira década dos anos 2000 acima das 3 milhões de unidades/ano. Os anos de ouro da indústria nacional estavam ameaçados. Mas esta, já é outra história, a próxima. Diversificação de produtos na mesma linha, plataforma modular e outsourcing levados a outro nível no segmento de veículos comerciais pela VWCO Divulgação/VWCO
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