AutoData | Julho 2025 83 de sucesso como o da China, para que o Brasil não apenas consuma tecnologia importada mas, também, a desenvolva e produza internamente. O MARCO Os mais de cem anos de história produtiva da indústria automotiva no Brasil chega a 2024 com novos desafios e uma bagagem que poucos carregam no mundo: mais de 100 milhões de veículos produzidos, 38,6 milhões deles somente nos últimos treze anos. Mais importante do que o número em si é o conhecimento agregado que ele representa, o desenvolvimento industrial que o setor trouxe ao País nestes anos todos. Apesar de atravessar muitas intempéries ao longo de tanto tempo a indústria automotiva brasileira mais avançou do que retrocedeu, aprimorando seus produtos e processos de manufatura. Os veículos produzidos atualmente têm mais tecnologia, segurança e eficiência energética, incluindo motores mais eficientes, maior quantidade de airbags, controle de estabilidade, assistentes de direção e sistemas de conectividade, além de uma crescente participação de veículos elétricos e híbridos. Paralelamente as fábricas vêm investindo em automação e robótica e entraram para a era da Indústria 4.0, com linhas de montagem mais modernas e digitalizadas, visando a aumentar a precisão, eficiência e segurança na produção, com padrões globais de qualidade. A globalização trouxe vantagens como a importação de peças mais baratas e tecnologia internacional, reduzindo a defasagem tecnológica do Brasil. A entrada de veículos globais e de marcas de luxo acelerou a evolução tecnológica, especialmente em segurança. São muitas as evoluções e revoluções vividas pelo setor mas, não obstante, o País perdeu relevância no desenvolvimento local devido à centralização de decisões em matrizes estrangeiras e à consequente diminuição de importância da engenharia nacional, com menos investimentos em projetos regionais. A eletrificação ganhou impulso com modelos híbridos e elétricos importados, mas sua nacionalização e popularização é prejudicada por falta de incentivos para compensar preços ainda muito altos, ausência de produção nacional de baterias e infraestrutura incipiente. A transição para veículos elétricos obriga montadoras a repensar seus modelos de negócio, oferecendo soluções de software, conectividade e serviços energéticos, além de demandar novos insumos específicos como lítio e cobalto. Os desafios são muitos, mas nunca foram poucos, e foi encarando todos eles que a indústria superou os 100 milhões de veículos produzidos. É hora de comemorar, mas sem deixar de pensar o futuro – como fizeram os bravos fundadores do mais vigoroso setor industrial do País. TOYOTA Empresa produz no País desde 1958 mas só em 1998 acelerou e abriu a fábrica de Indaiatuba, SP, e em 2012 inaugurou mais uma, em Sorocaba, SP (na foto), que hoje trabalha no topo da capacidade. STELLANTIS PORTO REAL A PSA Peugeot Citroën abriu sua primeira fábrica no Brasil em 2001: após fusão com FCA, em 2021, a planta passou a integrar a rede de produção do grupo no País para produzir modelos da marca Citroën. Divulgação/Stellantis Divulgação/Toyota
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