17 AutoData | Agosto 2025 proteger essa alternativa. A Unica [União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Biocombustíveis] está fazendo um ótimo trabalho de ir para a Índia, Guatemala e outros países para desenvolver mais mercados, não para exportar etanol, mas para que eles produzam etanol. Eletrificação: o senhor já disse que tem opinião diversa da tendência dominante da indústria. Como avalia o avanço da eletrificação dos veículos até agora? Primeiro é preciso dizer que o carro elétrico é uma tecnologia fantástica. Tem mais torque, é muito mais digital, porque já nasceu digital. Tem altíssimos benefícios. Por isto a indústria se apaixonou por esta tecnologia. Mas eu dei um passo para trás. Sempre digo que o carro não é um celular, não é um laptop, pois tem o objetivo de transportar pessoas do ponto A ao B. Se o veículo não cumprir com este seu objetivo básico não adianta ter a melhor tecnologia. Quem tem um carro elétrico e quer viajar vai demorar três, quatro vezes mais tempo, porque a infraestrutura de recarga não está lá. Então eu acho que é um produto de nicho, fantástico para grandes cidades onde as pessoas têm carregador em casa e não vão rodar muito longe. Mas se você mora em um prédio e não tem carregador, onde você vai recarregar? Se quiser ir a Belo Horizonte ou Salvador não pode ser de carro elétrico. Na minha opinião demorará anos ou décadas para desenvolver a infraestrutura de recarga. Outro fator é que, nos últimos três a quatro anos, quem comprou um carro elétrico perdeu mais de 50% do valor, porque o consumidor já não quer este veículo. O que eu citei aqui são fatos, não é uma opinião. produção ocupada porque exportam muito, a maior parte para os Estados Unidos, mas também mandam carros para a Coreia do Sul, Alemanha e outros países europeus. Como Brasil e Argentina poderiam seguir este exemplo e abrir mais mercados internacionais? Como no futebol você precisa definir se quer jogar na ofensiva ou na defensiva. O México tem acordos comerciais bilaterais com o mundo inteiro, tem fronteiras abertas. Eles jogam na ofensiva. Eles podem exportar, mas também podem receber importação do mundo todo. Não se pode querer exportar e colocar barreira comercial à importação. Não funciona assim. Os mexicanos têm fábricas muito competitivas, com boa qualidade. Eles definiram há muitos anos atrás ter este modelo, como indústria, de exportar e importar. O Brasil e a Argentina, pelo contrário, são mercados mais fechados. Na minha opinião, para abrir os mercados brasileiro e argentino é preciso, antes, eliminar todas as ineficiências dos portos, logísticas e fiscais. O senhor sempre foi um entusiasta do papel do etanol na descarbonização das emissões de veículos. O etanol tem possibilidade real de prosperar em outros países além do Brasil? A resposta é sim, porque na rota para descarbonizar todas as possibilidades são bem-vindas, seja etanol, hidrogênio ou carro elétrico. O problema é tão grave que precisa de todas as opções. Nesse sentido o Brasil é privilegiado, tem agricultura muito elaborada, clima fantástico, tem sol, vento, biocombustíveis, biometano... Fico feliz que o governo brasileiro e a indústria chegaram a um acordo para
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