AutoData | Agosto 2025 29 incógnita”. Aguiar menciona fatores como a produção globalizada em contrapartida à tendência de fechamento de mercados e a desindustrialização do Brasil, que trazem incertezas ao progresso do setor. George Rugitsky, diretor de economia e mercados da Abipeças e do Sindipeças, é mais otimista. Ele projeta que, com uma política econômica mais favorável, a partir de 2027, a indústria poderá retornar a patamares de produção de 3,7 milhões a 3,8 milhões de veículos por ano. FAZENDO AS CONTAS Marcelo Langrafe, diretor comercial da Honda Automóveis, projeta que, com um crescimento de mercado moderado, de 5% ao ano a partir de 2025, o Brasil poderia alcançar 200 milhões de veículos produzidos até novembro de 2049. Ele ressalta, no entanto, que esta é uma “estimativa matemática”, que não leva em consideração possíveis intercorrências macroeconômicas que poderiam impactar as projeções. A realidade da produção apresenta desafios. No ritmo atual, de cerca de 2,5 milhões de unidades por ano, levaria aproximadamente 42 anos para atingir os próximos 100 milhões, segundo projeta Murilo Briganti, COO da Bright Consulting. No entanto, se a produção pudesse ser elevada para 3 milhões de unidades anualmente, um cenário que ele considera mais próximo da realidade, esse tempo poderia ser reduzido para cerca de 33 anos, com uma média provável de 37 anos. Essa dinâmica destaca a importância de um crescimento consistente no setor. Roberto Barros, analista sênior da consultoria S&P Global, prevê que a produção e as vendas domésticas no Brasil crescerão juntas. Segundo ele estima o País deve alcançar e até superar os picos de produção de 2012 e 2013 nos próximos sete anos. Com um horizonte de doze a vinte anos estima-se um crescimento significativo, com previsão de produção de aproximadamente 3,5 milhões de unidades para 2032, podendo chegar a 3,7 milhões em 2037. CONDIÇÕES PARA CRESCER Maurício Greco, diretor de marketing da Nissan do Brasil, pondera que não é viável elaborar cenários tão distantes, especialmente considerando as rápidas mudanças tecnológicas e a transformação no setor de mobilidade. Essa complexidade no panorama do mercado interno é reforçada pelo potencial populacional do Brasil e pela baixa taxa de motorização, que, apesar de promissora, enfrenta desafios significativos, como renda da população, capacidade de absorção de novas produções, mudanças no perfil de consumo e dificuldades de acesso ao crédito. No curto prazo o crédito também preocupa o consultor Barros, da S&P, para quem as vendas no País estão represadas pelo baixo poder de compra, que não encontra compensação no financiamento caro e restrito. Embora ele não espere injeções de crédito significativas no mercado de veículos está otimista com relação à normalização do cenário financeiro, com juros mais baixos e inflação controlada até o fim da década. Outro ponto relevante a considerar é a relação do PIB per capita em dólar com a demanda automotiva no Brasil. O patamar de US$ 10 mil é considerado um ponto de impulso e o Brasil alcançou este nível de renda em 2012 e 2013, justamente os anos de recordes históricos de produção e vendas de veículos. “Atualmente estamos acima dos US$ 10 mil [per capita], com potencial para recuperação e cresDivulgação/AEA Divulgação/Honda Divulgação/DAF
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