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Agosto 2025 | AutoData 30 INDÚSTRIA » FUTURO AUTOMOTIVO cimento, especialmente no médio prazo”, sugere Barros. Ele avalia que, mesmo após mais de cem anos de produção nacional de veículos, a taxa de motorização no Brasil ainda é relativamente baixa em comparação à média global, refletindo uma oportunidade significativa para crescimento. A América do Sul, com ênfase no mercado brasileiro, apresenta o maior potencial de expansão porcentual, uma visão corroborada por Maurício Greco, da Nissan, que destaca o grande potencial do País composto por mais de 200 milhões de habitantes. Greco destaca a elevada proporção de habitantes por veículo no Brasil, de 4,6, índice muito acima até de países vizinhos como Argentina, 3,2, e Chile, 3,6. Ele acrescenta a essa dinâmica o fato de a frota nacional ser relativamente antiga, com idade média acima de dez anos segundo levantamento mais recente do Sindipeças. São números que podem ser traduzidos como oportunidade para a renovação e crescimento contínuo do setor. A TAL DA PREVISIBILIDADE O cenário prospectivo de oportunidades é permeado por desafios. O setor enfrenta altos custos de produção, carga tributária elevada e constante instabilidade política. O economista George Rugitsky, do Sindipeças, enfatiza que “para as empresas o mais importante é termos políticas que permitam a previsibilidade para planejamentos de longo prazo”. Ao considerar o crescimento e a expansão da indústria Rugitsky traz à tona a questão do protecionismo do mercado interno, destacando que essa proteção não contribui para o desenvolvimento do País ou da indústria. Ele constata que, ao longo do tempo, a indústria protegida diminuiu sua participação no PIB: “É um risco de sobrevivência muito grande para o setor de autopeças focar apenas no mercado interno ou com pouca exportação”. Langrafe lembra que o crescimento consistente do mercado brasileiro em 2011 e 2012 foi o fator decisivo para a Honda decidir construir uma segunda fábrica de automóveis no País, em Itirapina, SP, que depois de pronta, em 2016, já em meio ao declínio das vendas, ficou fechada por três anos até ser oficialmente aberta, em 2019. Apesar da crise de econômica que fez o PIB recuar em 2015 e 2016, e da pandemia em 2020 e 2021, a Honda iniciou um novo ciclo de crescimento no País a partir de 2023, investindo para aumentar a capacidade de produção e lançar novos modelos, como relata o diretor comercial: “Crescemos 33% neste semestre enquanto o mercado cresceu 5%. O HR-V brasileiro é o HR-V mais vendido no mundo hoje, superando o Japão. Temos crescimento de produção da ordem de 17%. Então existe um ciclo de retomada e expansão muito promissor”. EXPORTAÇÕES NECESSÁRIAS, MAS... A trajetória positiva avistada no horizonte, no entanto, precisa das exportações para a saúde e o crescimento da indústria automotiva brasileira, pois elas complementam o mercado interno, ocupam capacidade ociosa, oferecem rotas para maior competitividade. No entanto o cenário atual exige cautela, com projeções que simultaneamente apontam desafios e oportunidades em meio à concorrência global, além de dinâmicas comerciais regionais que influenciam as exportações. A Bright Consulting projeta que as exportações devem oscilar de 400 mil a 500 mil unidades por ano até o fim desta década, sem retornar ao volume recorde de 766 mil veículos montados embarcados, em 2017. Em contrapartida as importações — que variavam de 200 mil a 300 mil por ano antes da pandemia — saltaram para mais de 400 mil e devem se estabilizar em torno de 450 mil nos próximos anos. A S&P Global não prevê melhora drástica nas exportações brasileiras de veículos. A expectativa é apenas de crescimento proporcional à produção. Barros destaca que o Brasil enfrenta concorrência acirrada, especialmente da China, nos seus maiores clientes da América Latina. Ao mesmo tempo algumas oportunidades se apresentam, como a demanda Arquivo Pessoal Divulgação/Nissan

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