424-2025-08

AutoData | Agosto 2025 31 crescente por veículos híbridos leves em países de baixa renda na região, como a Argentina, e o interesse por SUVs pequenos no México. São produtos já fabricados no Brasil com relativa competitividade e rara concorrência internacional. Mas vale um alerta: a dificuldade de competir em preço ainda é um obstáculo significativo para os veículos brasileiros. A abertura comercial, como um acordo com a União Europeia, poderia ser uma solução. Este tipo de parceria permitiria às empresas brasileiras não apenas exportar mas, também, adquirir insumos a preços mais competitivos. O diretor de economia do Sindipeças ressalta: “É fundamental participar das cadeias globais de fornecimento, fortalecer-se internamente, começar a exportar, manufaturar e estruturar operações fora do País”. Por outro lado o impacto da concorrência chinesa é palpável. Aguiar, da AEA, destaca a BYD, que prometeu a produção de 600 mil carros na Bahia, supondo que boa parte será direcionada para o mercado externo. As empresas chinesas estão avançando rapidamente na exportação para a América Latina, o que prejudica o comércio exterior brasileiro e levanta preocupações sobre a desindustrialização do setor. “O mercado aumentou e a produção caiu, o que sugere uma desindustrialização, com a demanda sendo suprida por importados”, alerta o presidente da AEA. Ao mesmo tempo, pontua Aguiar, é preciso considerar que a China não tem interesse que o Brasil seja um grande exportador de veículos elétricos chineses. A realidade de perda de competitividade internacional é refletida no negócio de exportação da Honda, que enfrenta variações devido a diversos obstáculos, como questões geopolíticas, flutuações cambiais e barreiras tarifárias. A Honda envia modelos como o HR-V e o City a países da América do Sul e considera a exportação a partir do Brasil uma parte fundamental de sua estratégia na região. A empresa manifesta a ambição de expandir suas operações sempre que houver viabilidade econômica e política, especialmente em relação aos países vizinhos. EQUILÍBRIO DIFÍCIL A busca por expansão da produção de veículos no Brasil esbarra na necessidade de equilibrar a proteção da indústria nacional com a competitividade internacional, um desafio significativo para o setor. Neste sentido Aguiar destaca a importância de estabelecer um sistema de reciprocidade com a China. Ele enfatiza a necessidade de adotar regras que se assemelhem às diretrizes encaradas pelo Brasil ao vender produtos naquele mercado, incluindo tarifas de importação, comprometimento com pesquisa e desenvolvimento e a localização de fornecedores. Criticando o modelo SKD, de importação de carros já semiprontos, Aguiar observa que a montagem de veículos com componentes majoritariamente importados prejudica a cadeia produtiva local: “Deveria haver a obrigatoriedade de fornecedores nacionais a partir de um certo volume de produção, com aumento de impostos em caso de descumprimento”. Em contraste Rugitsky aponta que os programas de incentivos fiscais operam como curativos – soluções paliativas que não resolvem os problemas econômicos do setor: “Proteger o mercado interno não ajuda a desenvolver o País e a indústria. A indústria protegida, na verdade, viu sua participação no PIB diminuir de cerca de 20% para 11% [nas últimas décadas]”. Divulgação/Sindipeças Divulgação/Stellantis

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=