Agosto 2025 | AutoData 32 INDÚSTRIA » FUTURO AUTOMOTIVO Apesar de apoiar a abertura de mercado e o acordo com a União Europeia, que possibilita às empresas adquirir insumos a preços mais competitivos e exportar, o economista do Sindipeças expressa preocupações com relação à prática da BYD de montar veículos a partir de kits importados semidesmontados, que pode levar ao fechamento de fornecedores locais. É importante reconhecer que as políticas industriais podem ir além de soluções temporárias. Ao contrário da ideia de curativos, estas políticas, para Murilo Briganti, da Bright, têm proporcionado benefícios significativos para a sociedade, como economia de combustível e redução de emissões de CO2: “Os programas geraram ganhos extraordinários que são diretamente revertidos para a saúde e para o meio ambiente”. Langrafe, da Honda, reforça a ideia de que construir a estabilidade regulatória torna o ambiente de negócios mais competitivo. Este é um objetivo comum, mesmo com as diferentes abordagens sobre como alcançá-lo: “A criação de um ambiente regulatório previsível é essencial para garantir que os benefícios obtidos por meio das políticas industriais sejam sustentáveis e possam ser reinvestidos na indústria a longo prazo”. DESAFIO DA LOCALIZAÇÃO A nacionalização da fabricação de componentes e a proteção contra importações permanecem sendo temas centrais no debate sobre o desenvolvimento industrial do setor automotivo no Brasil. Nesse contexto o modelo SKD sofre críticas por não adensar a cadeia produtiva local nem gerar tantos empregos quanto a produção completa gera. Rugitsky argumenta que, em vez de exigir conteúdo local, como fez o Inovar-Auto, é mais benéfico incentivar a pesquisa e desenvolvimento e a produtividade, para que a indústria ganhe competitividade de forma mais abrangente, como foi feito no programa que sucedeu o Inovar-Auto, o Rota 2030. Briganti observa uma tendência crescente de localização de componentes impulsionada por programas desenhados para o setor automotivo, como o mais recente Mover. Ele cita um exemplo: “Com a eletrificação montadoras conseguem localizar alguns componentes, não o pack de bateria, mas baterias menores para híbridos leves”. Esta tendência sinaliza uma mudança significativa no panorama industrial, no qual a maior proximidade na produção pode criar novas oportunidades e fortalecer o setor. Enquanto há otimismo quanto à velocidade para atingir os próximos 100 milhões de veículos produzidos no País trazem incertezas à cena a desindustrialização, a concorrência global – especialmente a chinesa – e a necessidade urgente de realizar negócios sob uma macroeconomia mais estável. A discussão sobre protecionismo e o aprimoramento da cadeia de valor local se torna central para o fortalecimento da indústria nacional. O papel de programas como o Mover reflete a busca por um caminho que concilie competitividade global com reforço da indústria nacional, em jornada repleta de desafios. As projeções para o futuro da indústria dependem da capacidade do Brasil em criar um ambiente de negócios favorável, que estimule investimentos de longo prazo e fomente a inovação. Será fundamental equilibrar as demandas do mercado interno com as oportunidades e desafios do comércio internacional, um equilíbrio vital para o sucesso da indústria brasileira em um panorama global dinâmico. Divulgação/Bright Divulgação/Toyota
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