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AutoData | Setembro 2025 27 em 2021. Ainda em 2010 a GWM já tinha interesse firme de fincar raízes na América do Latina, tornando o Brasil sua base produtiva na região. Uma série de fatores corroboraram para esta ideia inicial. Em primeiro lugar o mercado interno brasileiro havia atingido pela primeira vez as 3 milhões de unidades, em 2009, tornando-se mais atrativo. No ano seguinte a GWM abriu seu capital na Bolsa de Valores de Xangai e lançou seu primeiro modelo que não era uma cópia de produtos ocidentais já existentes, o Haval H6. A experiência e o sucesso das exportações para Europa e outros países, inclusive os da América do Sul voltados para o Oceano Pacífico, a partir de 2006, demonstraram para a GMW que havia oportunidades fora do seu quintal, que a esta altura já era o maior mercado do planeta. SEM PRESSA Com as vendas no Brasil atingindo 3,8 milhões de veículos, em 2012, parecia ser o momento certo para desembarcar no País. Mas por causa do expressivo aumento das importações de carros nesta mesma época, para proteger a produção nacional o governo baixou o Inovar-Auto, programa de metas e incentivos à produção nacional que, dentre outras medidas, sobretaxou em 30 pontos porcentuais o IPI dos veículos importados de fora do Mercosul e México, o que tornou inviável o plano da GWM, que queria iniciar sua operação importando da China alguns dos seus modelos. Logo em seguida, de 2015 a 2019, a GWM realizou na Rússia o maior investimento externo da indústria automotiva chinesa, inaugurando ali sua primeira fábrica fora da China. A segunda operação internacional teve início em 2021, na Tailândia. A terceira, este ano, no Brasil. É importante revisitar essa trajetória para compreender como a GWM vem estruturando seus negócios globalmente. O chairman Jack Wei, que assumiu o negócio da família na década de 1990 e transformou a GWM na primeira empresa automotiva chinesa de capital aberto, raciocina como os executivos ocidentais quando precisa tomar uma decisão que envolve outros mercados. Durante o Salão de Xangai, em abril, ele deu exemplos de como as decisões são tomadas considerando a realidade econômica e social de países e regiões. Citou o exemplo da Áustria, que tem pouca atividade da indústria automotiva e, portanto, abriu seu mercado às importações de veículos – algo parecido com o Chile, que já recebe há anos veículos GMW. Já a Austrália, mesmo sem fábricas atualmente, criou regras específicas para a importação que tributam alguns modelos e isentam outros. “Temos de observar com cuidado cada mercado e não há pressa nisso”, diz Wei. “Na África está claro que teremos de construir uma rede de produção integrada para satisfazer aqueles mercados regionais. Quando se chega a um certo volume, não é mais possível exportar da China para outros países. Por isto temos produção na Tailândia para distribuir para aquela região e por isto estamos indo agora para o Brasil.” Segundo Ricardo Bastos, diretor de relações institucionais e governamentais da GWM no Brasil, a empresa demorou uma década estudando, refletindo e acompanhando o crescimento e depois a retração do mercado brasileiro e suas nuances antes de dar o passo seguinte, A fábrica da GWM em Iracemápolis, no Interior paulista: aquisição da planta da Mercedes-Benz, em 2021, foi só o começo de plano desenhado dez anos antes.

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