14 FROM THE TOP » UALLACE MOREIRA LIMA, MDIC Outubro 2025 | AutoData to não existe investimento privado se não houver suporte público. O setor automotivo da China, por exemplo, não avançou pelo princípio do livre mercado, mas apoiado por políticas de subsídios, incentivos, cotas e proibição de importações de componentes para SKD e CKD, porque eles queriam ter fábricas e não montadoras de partes importadas. O mundo inteiro adota essas políticas e o Brasil não pode abdicar disto. Na sua opinião o Mover exige das empresas contrapartidas equivalentes aos incentivos recebidos? As políticas industriais precisam trazer benefícios à sociedade, incentivos devem ter contrapartidas. Por isto no Mover os benefícios dependem de agregação de valor, verticalização e adensamento da cadeia produtiva, investimento em P&D, acesso ao mercado externo e diversificação de exportações, nível de eficiência energética e de reciclabilidade, com punição para o não cumprindo dos requisitos que é a desabilitação ao programa e devolução dos recursos recebidos. Muito se fala que a indústria automotiva instalada no País precisa exportar mais para ocupar sua elevada capacidade ociosa. Muitas fabricantes dizem que a falta de competitividade está ligada a um sistema tributário que gera resíduos difíceis de recuperar, infraestrutura logística deficiente e baixa quantidade de acordos econômicos. O que tem feito o governo para minimizar estes entraves? Hoje a produção da indústria automotiva depende, em média, em torno de 80% do mercado interno. Exporta muito pouco e quando a economia local desacelera a indústria entra em crise. Mas alguns grandes passos já foram dados para melhorar nossa competitividade. O sistema tributário brasileiro atual pune não só o setor automotivo como toda a indústria, mas a reforma tributária, que entra em vigor a partir de 2027, vai estimular exportações e reduzir custos. Também é extremamente importante melhorar a logística e o novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], com investimentos previstos de R$ 1,7 trilhão, tem essa perspectiva. Com relação a acordos internacionais de comércio, depois de vários anos, está avançando o acordo do Mercosul com a União Europeia e outros estão sendo assinados neste governo, porque o presidente Lula tem buscado ampliar os laços comerciais com vários mercados. Essas ações são suficientes para dar competitividade às exportações? É importante buscar o livre comércio e novos mercados mas existem barreiras: os países desenvolvidos que adotam políticas industriais também lançam mão de subsídios, incentivos e proteções, “ Quando se pensa no processo de neoindustrialização, na retomada do protagonismo da indústria no crescimento econômico, a indústria automotiva é fundamental porque puxa uma longa cadeia produtiva.”
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