29 AutoData | Outubro 2025 em maior ou menor grau, por meio de tarifas que interditam os negócios e os organismos multilaterais. Apesar de ter sido atingido pelas maiores tarifas impostas ao mundo pelo governo imperial de Donald Trump, graças à sua exposição relativamente baixa ao comércio internacional, o Brasil navega em águas mais calmas, ao menos por enquanto. Sérgio Vale, economista chefe da MB Associados e especialista em relações internacionais, concorda com a maioria dos analistas que o tarifaço deverá causar perda econômica mínima ao País, da ordem de apenas 0,1% do PIB este ano. “No fim das contas o cenário é mais positivo do que foi inicialmente imaginado.” Este impacto, inclusive, pode ser reduzido caso prosperem as negociações do governo brasileiro com os Estados Unidos, em canal aberto após o encontro na Assembleia Geral da ONU, no fim setembro, dos presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que dias depois fluiu para uma conversa por videoconferência dos dois e agora prosseguem nas mãos da diplomacia dos dois países. Vale reconhece que alguns setores exportadores que não foram incluídos na lista de isenções, como autopeças, aço, máquinas agrícolas e rodoviárias, por exemplo, são mais atingidos por perdas de receitas com vendas externas para os Estados Unidos e devem procurar outros mercados. Mas consequências econômicas mais amplas ainda são pequenas. “O que importa para a economia do País é o resultado agregado e aí vemos um impacto muito baixo”, afirma o economista. “Por enquanto a questão da guerra tarifária dos Estados Unidos com o mundo é menos relevante para o Brasil, que conta com algumas vantagens: não existem aqui conflitos geopolíticos de fronteiras, o País é autossuficiente em petróleo, existem ativos importantes como a grande extensão territorial, reservas minerais de terras raras e agropecuária forte, até a situação fiscal é melhor do que a de muitos países desenvolvidos que têm déficits maiores que seu próprio PIB.” No entanto o FMI, Fundo Monetário Internacional, em seu mais recente estudo sobre a economia global, avalia que o impacto das tarifas estadunidenses ainda não foi completamente sentido e que seus efeitos devem reduzir o crescimento econômico no ano que vem, inclusive nos Estados Unidos – a entidade estima que o PIB do país avançará 2,1% este ano e 2% em 2026, taxas abaixo dos 2,8% de 2024. Para o Brasil o FMI aumentou de 1,9% para 2,1% a projeção de expansão do PIB em 2025 – justamente porque o efeito do tarifaço é considerado baixo – e reduziu de 2,1% para 1,9% a expectativa para o próximo ano, por esperar consequências mais fortes da sobretaxação às exportações brasileiras. NOVA ORDEM MUNDIAL Embora seja difícil fazer previsões neste momento Vale observa que a instabilidade é o principal motor do mundo atual: “Não há sinal no horizonte de “ No fim das contas o cenário é mais positivo para o Brasil do que foi inicialmente imaginado.” Sérgio Vale, MB Associados Divulgação/MB Associados
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