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35 AutoData | Outubro 2025 ALARMES LIGADOS A situação tem impacto negativo imediato na economia e, no setor automotivo, alguns números já começam a preocupar. Nos últimos três meses o crescimento das vendas, que ganhou tração vistosa no primeiro semestre, vem arrefecendo – ainda que o desempenho siga melhor do que o péssimo resultado de 2024. Mas a abrupta queda de 20% nos licenciamentos diários em setembro, comparado com o mês anterior, acendeu a luz amarela, reforça Civetta: “Foi a primeira vez que isto aconteceu em mais de doze meses, quebrando uma tendência que projetava números muitos melhores para este ano”. Desta forma a expectativa de encerrar 2025 com 660 mil a 700 mil veículos vendidos já está sendo recalculada pelos especialistas. Neste momento a projeção da Abeceb é de que sejam comercializadas algo como 650 mil unidades no mercado interno, ainda em alta vistosa de 57% sobre as 414 mil unidades de 2024, mas a projeção já aponta para tendência de queda, dado que até há pouco tempo a expectativa de crescimento era de quase 64% este ano. “A comparação sazonal é importante para mostrar que não estamos crescendo mais de 50%, mas recuperando volumes de um mercado que passou por muitas dificuldades nos últimos anos”, observa Civetta. Ainda assim a Argentina se mantém na rota de ter um crescimento de mais de 4% do PIB este ano, segundo o FMI, impulsionado pela contenção da hiperinflação por meio de um ajuste fiscal abrupto com a eliminação de subsídios, como os para energia e transporte, além de um controle austero do câmbio. Para Andrés Civetta a expectativa de momento também é de revisão do PIB, que já foi de 4,5% e agora está em 4,3% justamente por causa das incertezas de como será o ajuste na política cambial: “Não estamos dizendo que haverá desvalorização do câmbio, mas um sistema ajustado. A questão é qual o tipo de câmbio teremos. E isto tem paralisado os negócios porque quem tem dólares prefere esperar, pois eles podem valer mais daqui alguns meses”. FATURAMENTO ESTANCADO As exportações de veículos, uma fonte primordial na obtenção de dólares para o país, também tiveram um revés importante em setembro, que mudou sobremaneira o objetivo das montadoras e já acendeu, no caso, a luz vermelha no setor automotivo. A questão passa pela falta de competitividade dos produtos feitos na Argentina e do desempenho desses veículos em mercados internacionais, sobretudo no Brasil. “Os automóveis como o Fiat Cronos e o Peugeot 208 produzidos na Argentina estão perdendo participação no mercado brasileiro. Isto reduz o volume das exportações”, analisa Civetta. Ele também aponta a falta de competitividade da indústria argentina como justificativa para o fim da produção de veículos como a Nissan Frontier e o Volkswagen 2026 (% vs. 2025) 2025 (% vs. 2024) Projeções Argentina Em mil unidades Vendas Produção Exportação 650 (+57%) 650 (0%) 283 (-10,0%) 305 (+7,7%) 530 a 540 (+6,1% a 6,7%) 550 (3,7% a +1,8%) Fonte: Abeceb

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