39 AutoData | Outubro 2025 mais sustentáveis e seguros e aumenta o peso tributário dos menos eficientes, em conjunto com a publicação gradual de normas de reciclabilidade, vem forçando as montadoras a uma profunda e acelerada reestruturação de seus portfólios de produtos. É neste jogo de xadrez, que envolve o ultimato tributário e a promessa de uma frota mais eficiente e segura, que a indústria automotiva brasileira busca a prometida previsibilidade para os próximos anos. O GARGALO DOS CRÉDITOS O Mover tem sido eficaz em estimular a inovação e atrair investimentos para o Brasil, com empresas de todos os portes captando financiamentos significativos para pesquisa e desenvolvimento junto a instituições de fomento como Finep e BNDES. “Esses recursos se tornaram cruciais para a viabilidade de projetos, pois cerca de 70% deles em uma multinacional, por exemplo, não se sustentariam sem este apoio [financeiro]”, afirma Francisco Tripodi, sócio-diretor da consultoria Piera, antiga Pieracciani. “Além disso o programa contribui para tornar a frota brasileira mais eficiente e mais segura.” Apesar do otimismo o grande gargalo é a disponibilidade e a gestão dos créditos tributários concedidos pelo governo para financiar projetos de faricantes de veículos e componentes. A alocação por ordem de chegada ocorre no primeiro dia do mês antecessor ao trimestre, à meia-noite e 1 minuto, como uma compra de ingresso de show disputado. Apenas as maiores empresas conseguem solicitar e esgotar o crédito para o ano inteiro em poucos minutos. Isto, segundo Tripodi, prejudica quem segue a regra de solicitação trimestral ou solicita em “horários normais”, resultando em trimestres, como o segundo, em que ninguém conseguiu aprovar créditos. Ricardo Roa, sócio-líder do setor automotivo da KPMG no Brasil, confirma que o crédito é exaurido rapidamente. Embora as empresas já tenham pedido o crédito para os três primeiros trimestres de 2025 a maioria só teve aprovação para o primeiro. O governo já se pronunciou informalmente que o crédito para este ano, no total de R$ 3,8 bilhões, já acabou, o que perpetua a insegurança, especialmente para multinacionais que não conseguem garantir os projetos e investimentos planejados com base no Mover para suas matrizes. Tripodi revela que está em discussão uma maneira mais democrática, coerente e justa de dividir os recursos. A principal proposta é a adoção de um critério de proporcionalidade na distribuição. Em vez de privilegiar quem solicita primeiro, o governo alocaria os recursos de acordo com a porcentagem que cada pedido representa no montante total disponível. Isso garantiria que todos recebessem uma fatia, ainda que não a totalidade do que foi solicitado. “É uma alternativa melhor do que premiar apenas a velocidade na solicitação.” “ Os recursos do Mover se tornaram cruciais para a viabilidade de projetos.” Francisco Tripodi, Piera Divulgação/Pieracciani
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