40 Outubro 2025 | AutoData PERSPECTIVAS 2026 » POLÍTICA INDUSTRIAL O segundo ponto crítico em debate é a restrição trimestral dos créditos. A legislação prevê a solicitação trimestral mas empresas que a seguem são prejudicadas. A discussão busca fazer com que o crédito seja, de fato, restrito ao trimestre, eliminando a prática de solicitar o ano inteiro de uma vez. A expectativa é que, com estas mudanças, haja mais recursos para trimestres futuros. “A mensagem, no fim das contas, é que existe complexidade para entender a legislação e há muitos desafios estratégicos”, observa o consultor da Piera. “Tomar decisões corretas relacionadas ao crédito pode significar alguns milhões de reais a mais ou a menos.” Em meio à briga pelos créditos tributários o governo publicou em setembro um despacho que remanejou e ampliou o orçamento para projetos de P&D de R$ 2 bilhões para R$ 3,3 bilhões. Esse remanejamento demonstrou que a medida tem o poder de liberar créditos que estavam retidos, permitindo a aprovação de clientes que estavam em avaliação, completa Tripodi. IPI VERDE TRANSFORMA PORTFÓLIOS Enquanto o setor corre contra o relógio por um crédito escasso a pressão regulatória externa aperta o cerco com a força de um ultimato. A entrada em vigor do IPI Verde, em novembro, impõe uma mudança imediata no portfólio de produtos das montadoras, forçando a eletrificação. O novo regime de imposto sobre produtos industrializados para veículos tem alíquotas-base de 6,3% para veículos leves e de 3,9% para comerciais leves. O grande diferencial no Brasil, conforme explica Roa, está nos cinco critérios que ajustam o tributo para cima ou para baixo: potência, tipo de propulsão, reciclabilidade, eficiência energética e segurança. O impacto é a eletrificação como prioridade máxima, pois veículos híbridos e elétricos recebem bônus, redução de pontos porcentuais na alíquota, enquanto que veículos a gasolina e, principalmente, a diesel sofrem um aumento significativo, os chamados málus. Um SUV a diesel, por exemplo, sofrerá aumento de 12 pontos porcentuais no IPI só por utilizar propulsão com este combustível fóssil, elevando sua alíquota de 6,3% para 18,3%. Diante disto as montadoras estão ajustando seus portfólios, focando em lançar híbridos flex – beneficiados devido à matriz de etanol brasileira – ou plug- -in híbridos flex e também em elétricos puros, visando reduzir a carga tributária. Para 2026 a expectativa é de uma grande mudança de portfólios, com a indústria adaptando-se aos novos critérios do IPI Verde. RECICLAGEM CRIA NICHO Ao introduzir índices de reciclabilidade dos veículos para reduzir o IPI, com a publicação gradual de normas, metas e formas de cálculo, o Mover está criando um novo nicho de mercado. A Stellantis “ A grande discussão sobre a pegada de carbono dos veículos está em aberto.” Ricardo Roa, KPMG Divulgação/KPMG
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