45 AutoData | Outubro 2025 2,72 (+2,4%) 6,6 (0%) 26,25 (+10,0%) 284,1 (+3,0%) 7,89 (-4,7) -18,4 (+17,8%) Do outro lado do Oceano Atlântico, na Europa, o cenário é de reestruturação na cadeia de autopeças. Grandes sistemistas como Bosch, Continental, Schaeffler e ZF anunciaram demissões na Alemanha, decorrentes da acelerada transição para a eletrificação – que, agora, admitem acontecerá mais tarde do que imaginavam. Como a situação muda de um dia para o outro antes de entrar no assunto de perspectivas 2026 cabe contextualizar: esta reportagem terminou de ser apurada e foi escrita dias após à primeira conversa de telefone de Trump com o presidente da República brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. As negociações com o secretário de Estado estadunidense, Marco Rubio, estavam em estágio inicial. Ou seja: novas mudanças estavam no horizonte antes que AutoData pudesse conhecê-las para incluir nesta reportagem. MELHOR NO BRASIL Esclarecida a situação atual, de mudanças inesperadas do cenário externo e da sobretaxação sobre autopeças brasileiras, o fato é que as águas estão mais calmas no território brasileiro para o setor. Contrastando com o cenário de demissões anunciadas por diversos fornecedores alemães, uma consequência da acelerada transição para a eletrificação no mercado europeu, a situação no mercado brasileiro parece melhor. Segundo Fernando Antônio Gomes Martins, diretor da Continental Parafusos, o lugar mais previsível, hoje, é o Brasil: “Com todas as nossas cicatrizes aprendemos a lidar com questões que estão afetando os mercados maduros, como desequilíbrio fiscal e juros altos”. Mesmo com a pressão dos 15% da Selic no mercado Martins disse não ter sentido, ainda, qualquer movimento de redução na produção de seus clientes – a Continental Parafusos fornece para as principais montadoras e fabricantes de autopeças do Brasil. Ao contrário: ele ouve, de alguns deles, pedido de aumento nas encomendas visando a elevar o ritmo das linhas. “A tendência, falando da indústria de veículos leves, é de uma aceleração de 5% a 10% puxada pelas montadoras de maior volume”, afirma, mas fazendo uma ressalva: “Em comerciais pesados o cenário é distinto. Creio que estabilizará na casa de 110 mil, 115 mil caminhões. É baixo quando comparado com anos anteriores, mas é um bom patamar.” Caminhões e ônibus são também a preocupação do Sindipeças. O presidente Cláudio Sahad acredita que especialmente a indústria de chassis de ônibus, que registra base elevada de vendas em 2025 impulsionadas pelas encomendas do Programa Caminho da Escola, do governo federal, pode pressionar a projeção para baixo. A associação projeta aumento de 2,4% na produção de autoveículos em 2026, em ritmo inferior ao do resultado esperado, de alta de 4,2%, para 2025: “Os veículos leves devem continuar crescendo, embora em ritmo mais moderado, apoiados na inflação mais baixa, que favorece o consumo de bens além dos essenciais, e de uma 2025 (% vs. 2024) 2026 (% vs. 2025) Projeções Sindipeças Produção de veículos (milhões) Faturamento (R$ bilhões) Investimentos (R$ bilhões) Exportações (US$ bilhões) Importações (US$ bilhões) Saldo Balança (US$ bilhões) 2,66 (+4,2%) 6,6 (+3,0%) 23,86 (+14,0%) 275,8 (+6,5%) 8,28 (+5,5%) -15,6 (+19,1%)
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