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68 Outubro 2025 | AutoData PERSPECTIVAS 2026 » CAMINHÕES Calvet opina que a retomada do crédito é essencial para reaquecer a demanda e as linhas de produção. Ele revelou que a Anfavea tem discutido com o governo ajustes nas linhas do Finame, redução de juros e a criação de um novo programa de renovação de frota, semelhante ao que aconteceu em 2023, quando por poucos meses foram oferecidos descontos para compra de veículos novos na troca por antigos. O executivo também reforça a necessidade de rever o IOF aplicado sobre o CDC: “No mercado de caminhões este imposto pode encarecer a compra em cerca de 10%. É uma penalidade dupla quando as condições do Finame não bastam”. EXPECTATIVAS PARA 2026 Para Gregori Boschi, sócio fundador da consultoria Boschi Inteligência de Mercado, a BIM³, o desempenho atual apenas confirma as previsões iniciais: “Projetávamos produção de 125 mil caminhões em 2025, mas ajustamos levemente esta estimativa para 126 mil unidades mais recentemente”. Boschi cita fatores que se tornaram determinantes: autônomos descapitalizados, estoques elevados e juros altos: “Os grandes grupos conseguem renovar frota, mas o autônomo perdeu completamente a capacidade de compra. É um mercado que está se concentrando nas mãos de poucos”. Nas estimativas do consultor, em 2025, as vendas domésticas alcançarão 110,4 mil unidades e as exportações 28 mil. Para o próximo ano Boschi projeta produção em torno de 130 mil caminhões, vendas domésticas próximas de 115 mil e exportações de cerca de 22 mil, abaixo das 28 mil esperadas para 2025. O motivo é uma possível desaceleração da Argentina e a valorização do real, que reduz a competitividade do produto nacional. “O Brasil exporta basicamente caminhões com motorização antiga Euro 5, com menor valor agregado. Não exportamos tecnologia de ponta para mercados mais exigentes”, justifica o consultor. “Por isto as exportações oscilam sempre na mesma média histórica, de 20 a 22 mil unidades por ano.” Boschi prevê um primeiro semestre de 2026 difícil, refletindo o excesso de estoques, o custo do crédito e a paralisação temporária de fábricas e fornecedores: “A indústria de caminhões é um transatlântico. Quando as montadoras reduzem produção os fornecedores também param. Esse efeito em cadeia impede uma retomada rápida”. A recuperação, segundo ele estima, deve começar a partir do segundo semestre de 2026, impulsionada por leve melhora no crédito, recomposição da demanda no agronegócio e normalização dos estoques: “Depois do movimento de descida no primeiro semestre o setor começa a se reorganizar. A recuperação será lenta, mas consistente”. O agronegócio segue como pilar do transporte de carga e pode sustentar parArquivo Pessoal “ Mesmo que o mercado não apresente nenhum crescimento em 2026, manter o nível de vendas de 2025 já seria um resultado positivo.” Carlos Briganti, Power Systems Research

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