70 Outubro 2025 | AutoData PERSPECTIVAS 2026 » CAMINHÕES te da retomada: “O ciclo de investimento em caminhões deve começar a aparecer no fim deste ano”, avalia Boschi. ENDIVIDAMENTO E CUSTOS ALTOS Na visão de Carlos Briganti, diretor para a América do Sul da Power System Research, o total de caminhões vendidos acima de 6 toneladas deve cair de 117,6 mil unidades em 2024 para 107 mil em 2025: retração de 9%. O impacto mais severo, no entanto, recai sobre os modelos pesados, com queda de 20% – de 62,8 mil para 50,2 mil unidades –, enquanto os leves recuam 6% e os semipesados permanecem praticamente estáveis, com leve alta de 1%. A produção acompanha o mesmo movimento: os pesados caem 16%, de 80,5 mil para 67,3 mil unidades. Os médios crescem 84%, de 3,7 mil para 6,9 mil, refletindo a renovação de frotas em nichos específicos. Boa parte da retração é devida à retração do agronegócio, que perdeu recursos este ano, diz Briganti: “O setor agrícola, um dos principais motores da demanda de caminhões, enfrenta baixa rentabilidade. Apesar dos bons volumes de exportação os preços das commodities estão baixos, reduzindo a margem e a capacidade de investimento em novos veículos”. Ele acrescenta que o problema se agrava com endividamento elevado e custos altos de insumos. Por outro lado as exportações de caminhões seguem em alta. A previsão é de aumento de 64% em 2025, saltando de 17,6 mil para 29 mil unidades, com destaque para caminhões médios, em crescimento de 164%, e pesados, com incremento de 75%. O bom desempenho é impulsionado pelo mercado sul- -americano — especialmente a Argentina — e pela demanda da China, embora os preços mais baixos limitem o impacto financeiro. “Mesmo que o mercado não apresente crescimento, manter o nível de vendas de 2025 já seria um resultado positivo”, pondera Briganti. Dentre os fatores que podem impedir uma retomada consistente ele lista juros elevados, baixa rentabilidade do agronegócio e desaceleração econômica em outros setores. Programas subsidiados como o PSI e o Finame poderiam ajudar a fomentar as vendas de caminhões, mas há pouca margem fiscal para bancar incentivos nas linhas do BNDES. “Consórcios ajudam na compra de veículos leves, permitindo planejamento de longo prazo, mas não resolvem o problema do acesso imediato ao caminhão que movimenta o PIB.” Ainda assim o consultor enxerga algum alívio vindo de fora: “O PIB argentino deve crescer cerca de 5% este ano, fortalecendo o fluxo comercial regional. Há, porém, riscos políticos que podem afetar a produção e as exportações em 2026”. Divulgação/DAF “ O mercado anda de lado, mas não é desastroso. Já enfrentamos momentos piores. Não há sinais de piora, mas também não há gatilhos claros para uma virada.” Luis Gambim, DAF
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