80 Outubro 2025 | AutoData A indústria automotiva entra em 2026 diante de um cenário que exige visão de longo prazo e resiliência. O País avança em meio a um contexto de desaceleração econômica, juros elevados e instabilidade política global. A combinação desses fatores torna o ambiente desafiador, mas também abre espaço para decisões estratégicas capazes de redefinir o rumo do setor. A expectativa de crescimento mais modesto do PIB e a maior seletividade nos investimentos reforçam a importância de uma política industrial consistente, orientada à inovação e à produtividade. O crédito restrito deve continuar impactando o mercado de caminhões, especialmente os segmentos de pesados, mais dependentes de financiamento. Ainda assim, setores como o de veículos leves e médios tendem a se beneficiar de nichos em expansão, como o e-commerce e as licitações públicas. No cenário internacional, a adoção de novas medidas por grandes economias adiciona um componente extra de incerteza às exportações brasileiras. O governo tem sinalizado esforços para mitigar os efeitos dessas políticas, mas o caminho para consolidar a competitividade do País passa por investimentos contínuos em tecnologia, infraestrutura e sustentabilidade, pilares que definirão o futuro da mobilidade e da logística. Em 2026, a agenda de descarbonização ganhará ainda mais força. A transição energética já não é uma tendência distanPor Marcio Querichelli Um ano de escolhas estratégicas te, mas uma realidade que redefine produtos, processos e modelos de negócio. O avanço dos combustíveis alternativos, com a ampliação do uso de biometano e a expansão dos veículos elétricos, indica o início de um novo ciclo de desenvolvimento, mais limpo e eficiente. O Brasil tem uma oportunidade única nesse movimento. A matriz energética predominantemente renovável e o alto potencial de produção de biocombustíveis colocam o País em posição de destaque para liderar a mobilidade sustentável no Hemisfério Sul. O desafio está em transformar essa vantagem em escala industrial, com políticas públicas estáveis, infraestrutura de recarga adequada e estímulos à inovação tecnológica. A descarbonização também representa uma mudança de mentalidade. O foco deixa de ser apenas o produto e passa a abranger todo o ecossistema: eficiência energética, conectividade e economia circular. A integração dessas variáveis será determinante para reduzir emissões e ampliar a competitividade do transporte de cargas e passageiros. O setor automotivo brasileiro tem, portanto, a oportunidade de conduzir essa transição de forma responsável, promovendo um equilíbrio entre sustentabilidade, rentabilidade e desenvolvimento social. O ano de 2026 será decisivo, não apenas para enfrentar os desafios conjunturais, mas para consolidar o compromisso da indústria com um futuro de baixo carbono, mais inovador e eficiente. PERSPECTIVAS 2026 » VEÍCULOS PESADOS – OPINIÃO/IVECO Divulgação/Iveco Marcio Querichelli é presidente da Iveco América Latina
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