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82 Outubro 2025 | AutoData Mesmo já tendo dedicado mais de quatro décadas de minha carreira à indústria automotiva, e mais da metade desse período chefiando a Volkswagen Caminhões e Ônibus, meu ritmo de trabalho segue inalterado. Concilio o expediente intenso como presidente e CEO no Brasil com viagens à Europa, América do Norte e Ásia, atuando como membro da Diretoria Executiva do Grupo Traton. No pouco tempo livre que sobra, aproveito para ler e aprender o máximo que posso, inclusive acompanhando o noticiário macroeconômico regional e internacional. Para se pensar o futuro é necessário entender o passado. Falando apenas de crises econômicas brasileiras ou até globais, passamos por mais de vinte delas ao longo dos últimos anos. O que compartilho dessa jornada é que alguns fatores sem dúvida são aceleradores ou inibidores do crescimento do mercado brasileiro de caminhões e ônibus. E como naquela metáfora do copo, é possível analisar tanto a metade vazia quanto a cheia. Como sou brasileiro e acredito na força e no potencial de nosso País, tendo a ser otimista, porém sem deixar de observar os fundamentos macroeconômicos e dos mercados em que atuamos. O grande desafio enfrentado hoje pela indústria de caminhões e ônibus é a combinação das incertezas da economia mundial, afetada por guerras, mudanças climáticas e disputas comerciais, somadas a fatores domésticos que inibem as comPor Roberto Cortes Confiança e cautela pras de frotistas e pequenos transportadores. Especialmente os altos custos de financiamento dos veículos que ajudam a mover o Brasil. Vale lembrar também que há pelo menos duas décadas a VW Caminhões e Ônibus defende um plano perene para a renovação da frota nacional, cada vez mais envelhecida, insegura e ambientalmente longe do aceitável. Na metade cheia do copo, as commodities do agronegócio e matérias-primas ainda representam uma grande oportunidade para o crescimento do País. O gigantesco mercado consumidor interno, tanto no transporte de mercadorias quanto de passageiros, depende enormemente das estradas e rodovias. Programas governamentais como o PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, e o Caminho da Escola, além de levarem prosperidade aos mais de 5 mil municípios brasileiros, garantem volumes e investimentos da nossa indústria. E com relação às questões geopolíticas, acredito que o diálogo propositivo entre parceiros de longa data é o caminho a ser seguido para uma solução duradoura. A Anfavea prevê que 2025 se encerre com ligeira queda na produção de veículos pesados, com a indústria se aproximando das 169 mil unidades. Se por um lado as vendas de caminhões caírem 8,3% como projeta a associação dos fabricantes, por outro lado o mercado de ônibus crescerá 12,8%. Com base nos comentários acima, é possível crer em um 2026 de estabilidade e oportunidades. PERSPECTIVAS 2026 » VEÍCULOS PESADOS – OPINIÃO/VWCO Divulgação/VWCO Roberto Cortes é presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus

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