63 AutoData | Novembro 2025 Mas o Boreal, segundo produto da nova safra destinada ao Brasil dentro do International Game Plan da Renault, que prevê o lançamento de oito modelos em mercados fora da Europa para fazer crescer a participação da marca nestes países, é, na visão de sua diretoria, ainda mais importante do que o Kardian. CLIENTES DO ANDAR DE CIMA Não que o SUV compacto não seja importante, mas ele não expandiu o alcance da Renault no mercado como se pretende com o Boreal. Trata-se de um SUV médio, do segmento C, dono de proporções maiores – tem 4m56 de comprimento, 2m70 de entre-eixos e 1m84 de largura, são 44 cm, 10 cm e 7 cm a mais, respectivamente, do que o Kardian. Assim a Renault volta a acenar para consumidores que, há anos no Brasil, deixaram a marca por não encontrar opções de maior valor agregado em seu portfólio. São ex-compradores de Scenic, Megane e Fluence, dentre outros modelos que no passado ocupavam o topo da linha da empresa. Não será uma tarefa fácil porque o Boreal compete justamente em uma das mais acirradas faixas em disputa do mercado brasileiro: seu preço parte de R$ 180 mil na versão de entrada Evolution, chega a quase R$ 200 mil na intermediária Techno e encerra na topo de linha Iconic em R$ 215 mil – embora a Renault não admita com todas as letras, deixa transparecer que a opção mais cara deverá concentrar a maior demanda do mix. Pois nesta faixa existem dezenas de SUVs, eletrificados ou não, de marcas tradicionais e de marcas entrantes. Por esta razão é difícil definir um alvo, embora os competidores naturais sejam Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, além dos compradores de sedã que estão em busca de um novo segmento. O trabalho do marketing, portanto, será desafiador, de acordo com o diretor Aldo Costa: “É um produto de conquista. O papel do Boreal é realmente trazer novos clientes, expandir o volume da marca. Sabemos que o plano Renaulution privilegia valor em vez de volume, mas volume é importante também. É um desafio conquistar este cliente, porque hoje não temos mais legitimidade neste segmento”. O diretor não abriu projeção de vendas e nem de mix. Garantiu, porém, que há capacidade da fábrica para abastecer o mercado brasileiro e demais da América Latina a partir do ano que vem, quando o Boreal começará a ser exportado. UM RENAULT DE PRESENÇA Com o Boreal a fabricante agrega ao seu portfólio local um verdadeiro Renault, como sublinha o presidente Ariel Montenegro: “Com ele passamos a ter um produto muito mais premium da marca no Brasil, reconectando as raízes da Renault global. É um Renault em todos os aspectos, em todos os ângulos, em toda a sua tecnologia, em todo o seu conteúdo, em um segmento bem disputado e no qual não estávamos”. O Boreal chama a atenção pelo seu design, criado pelo Renault Design Center Latam, instalado em São José dos Pinhais, PR, em colaboração com a matriz na França. É um carro bonito e que faz as pessoas virarem a cabeça para acompanhá-lo nas ruas. A equipe se esforçou, também, em dar uma perspectiva de carro grande ao visual do SUV, para mostrar que se trata de um modelo de segmento superior.
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