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73 AutoData | Novembro 2025 cluster vem o auxílio da Visteon. Tem a Bosch, são muitos os fornecedores parceiros que têm tecnologias disponíveis e de quem juntamos os elementos para formar o carro”. Tanta gente junta também gera mais trabalho, observa o diretor: “O sensor vem de um fornecedor, o radar de outro e tudo isto precisa conversar. O nosso trabalho é assegurar a conversa: temos de desenvolver, testar e validar, sem que sejam criados problemas ou novas dificuldades”. O Boreal é construído sobre a plataforma RGMP, uma derivação da CMF-B usada pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. Oro diz que foram promovidas modificações: “A CMF-B não trazia tudo o que precisávamos para os projetos da região. É uma plataforma com outra estrutura, não é igual à da Europa”. A RGMP estreou no Brasil com o Renault Kardian, lançado em 2024. Outra variação da CMF-B também está presente em uma fábrica local: a High Spec, que serve como base da nova geração do Nissan Kicks produzido em Resende, RJ, e, futuramente, no Kait, o primeiro SUV Nissan que terá o País como base global de produção. NOVAS PEÇAS E COMPARTILHAMENTO Embora as partes estampadas que compõem o design do Boreal sejam totalmente inéditas, desenvolvidas especialmente para o SUV, muitas peças mecânicas são compartilhadas com outros modelos, de acordo com o diretor de engenharia: “Especialmente os itens de plataforma são compartilhados. Mas temos também peças novas, porque como o carro é mais pesado, mais potente do que o Kardian, não podemos compartilhar”. A parte do powertrain difere pelo fato de o motor do Kardian ser o TCe 1.3, produzido pela Horse, e o Kardian usar o 1.0, ambos com tecnologia flex. A plataforma RGMP permite, no entanto, que sejam instalados sistemas híbridos nos dois modelos – algo que a Renault não confirma neles especificamente, mas já admite estar em desenvolvimento para a operação local. Em torno de 850 peças são exclusivas para o Boreal, das quais mais de seiscentas fabricadas no Brasil. São setenta os fornecedores locais e mais trinta de fora do País. Alguns estreiam com a Renault no SUV – no total a montadora recebe peças de mais de 350 fornecedores na América do Sul, 215 deles no Brasil. O índice de nacionalização chega a 65% neste início: “A localização com foco em competitividade é um tema estratégico para a Renault”, diz Marluce Borges, vice-presidente de compras da Renault Geely do Brasil. “Estamos sempre em busca de novas oportunidades com os nossos parceiros”. A executiva destaca, especialmente, os módulos eletrônicos: são 25 no Boreal e boa parte do sistema é importada: “Temos muitas oportunidades de localizar”. MUDANÇAS NA FÁBRICA Os 24 sistemas ADAS incorporados ao Boreal demandaram as principais mudanças na fábrica de São José dos Pinhais, PR, para produzir o modelo, explica o diretor de fabricação Carlos Carrinho: “Instalamos antenas e novos equipamentos para montar e testar os serviços conectados. Na área de carroceria implementamos um novo processo de solda para a fabricação de portas, porta-malas e capô”. O Boreal traz em seu catálogo a opção de teto solar panorâmico, o que demandou, na área de pintura, um novo processo e tecnologia, de acordo com o diretor. A produção em série começou em outubro e a fábrica está em processo gradual de aumento de cadência. As concessionárias estão recebendo o modelo desde o começo de novembro e os primeiros serão entregues aos clientes em 21 de novembro, junto com a abertura do Salão do Automóvel. A fábrica da Renault Geely no Paraná emprega 3,1 mil pessoas na área de produção e deve, em breve, ganhar mais modificações para que os modelos da marca chinesa também sejam produzidos ali. O diretor de engenharia Julio Oro e o Boreal: a mais nova cria de seu departamento envolveu mais de trezentas pessoas e 350 fornecedores. “Quase tudo foi desenvolvido localmente porque temos capacidade.”

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