Ônibus e Vans 2020

pessimista a normalização só viria em 2030, to- mando como base a crise de 1981, com recuo de 41% e recuperação média anual de 5%. Outros cenários consideram as crises de 1987, com retração de 33%, e recuperação média de 7% a. a., jogando a normalização para 2027, e a de 1998-1999, recuo de 35%, retomada de 6% a. a. com expectativa para 2029. INESPERADO Com os resultados de 2019, que deram consis- tência e otimismo ao futuro após a crise de 2015- 2016, a atividade estimava a partir de 2020 atingir o volume de negócios próximo a 23 mil unidades. O desempenho do primeiro bi- mestre permitiu sonhar com a consolidação destes números, mas com a pandemia que se instalou emmarço tudomudou. Agora a projeção mais otimista é chegar perto de 10 mil unida- des emplacadas: “É uma situação semprece- dentes e é difícil de prever algo mais consistente”, definiu Gus - tavo Bonini. Some-se ao quadro doméstico a realidademundial, pois todos os mercados sofre- ram com a pandemia. “Temos dificuldade de vislumbrar o fu - turo em função do comporta- mento que terão os diferentes países para onde exportamos.” Embora todos os segmen- tos automotivos tenham sofrido retrações em suas atividades Bonini ressalta que a situação do mercado de ônibus é mais preocupante por causa de sua longa e complexa cadeia de for- necedores. Ele citou a liquidez como um dos principais riscos, pois as empresas têmencontra- do dificuldade de acesso a crédito, e defendeu como necessária a adoção, pelo governo federal, de um programa emergencial de ajuda: “Existe o risco de toda a cadeia sucumbir caso algum dos elos fique comprometido. Sem financiamento as empresas não têm capacidade de suportar o caixa”. MOBILIDADE DO CIDADÃO As ameaças da presente pandemia começam com os trabalhadores da indústria e o fim dos programas federais que garantem redução de jornada e suspensão de contratos, pois frotas estão paradas e existe capacidade ociosa das indústrias. Embora reconheça os programas como positivos o vice-presidente da Anfavea acredita que novas medidas serão necessárias para suportar os empregos na cadeia. Há no horizonte riscos para a continuidade de investimentos das montadoras, principalmente pela falta de volume nos próximos anos. Uma das principais preocupações manifestadas por Gustavo Bonini é com a diminuição da oferta de mobilidade ao cidadão nos centros urbanos. Ele recorda que o direito é constitucional e precisa ser garantido pelos municípios, que têm esta responsabilida- de. O executivo assinalou que o pós-pandemia será demuitas mudanças no comportamento da população, desde a adoção de novos formatos de traba- lho bem como na mobilidade. Mas sustenta que todas as so- luções para fazer frente a este novo momento passarão pelo transporte coletivo, envolvendo ônibus: “É impossível imaginar mobilidade individual para toda a população. Ela terá de ser coletiva e, para isto, uma boa estrutura, com tarifa adequa- da, qualidade, preservação do meio ambiente, segurança e frequência, será indispensável”. A avaliação da indústria é a de que os trans- tornos causados pela pandemia podem trazer a oportunidade de um sistema de transporte coletivo com muito mais qualidade. Para Bonini em um país de dimensões continentais o ônibus é ferramenta-chave para a movimentação das pessoas: “Precisamos aprofundar o diálogo com o poder público, com adoção de soluções de curto, médio e longo prazo. Elas passam por revisão dos modelos que regem o transporte, por reforma tributária, por investimentos em infraestrutura e outras medidas. O transpor- te eficiente e de custo adequado é um direito essencial tanto quanto o acesso à educação e saúde. Se não mudar será um custo muito alto para a sociedade”. “É preciso aprofundar o diálogo com o poder público para revisar os modelos que regem o transporte de passageiros” Gustavo Bonini, Anfavea 7 AutoData | Setembro 2020

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