360-2019-10

36 Outubro 2019 | AutoData Perspectivas 2020 » Panorama geral permaneceramquase nomesmo patamar do ano passado, mas à modalidade direta, que passou a representar quase a metade do volume comercializado. É bem verdade que, segundo espe- cifica Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, parte deste salto se deve ao avanço dos negócios com pequenas empresas, companhias agrícolas e, so- bretudo, deficientes físicos, segmentos que contam com redução de impostos. Todavia, conforme ele mesmo reco- nhece, em sua maior parte este tipo de venda teve como destino as locadoras que, por comprarem em grande volume, negociam grandes descontos que na vida real representam formidável redução na margemde rentabilidade das montadoras que operam mais fortemente neste seg- mento, justamente as primeiras colocadas do ranking de comercialização. Tal distorção decorreu da frustação das exportações para a Argentina, de longe o maior mercado no Exterior dos veícu- los produzidos no País. Ao contrário do que se esperava as vendas, ali, ainda não tinham chegado ao fundo do poço em 2018, e continuaram caindo até 480 mil unidades a serem comercializadas este ano – menos da metade do registrado há alguns pouco anos. Como decorrência natural parte da pro- dução que tinha a Argentina como desti- no de origem acabou sendo colocada a qualquer preço no mercado doméstico. Deleite das locadoras e, ao mesmo tempo, desespero dos concessionários: nas palavras do presidente da Fenabrave sua categoria vive a inconfortável situação de ver as montadoras “venderem para os vizinhos por um preço menor do que para os próprios filhos”. Vizinhos que já concorrem com os fi- lhos no mercado de seminovos. A própria Argentina, aliás, representa outra das grandes incógnitas com relação ao próximo ano. Como país às vésperas de uma eleição que tem boas possibilidades de mudar o partido no poder e, por decor- rência, os rumos da politica econômica, ninguém no setor espera retomada de maior vulto daquele mercado e, por óbvio, das exportações com aquele destino. Quase todos apostam para 2020 em repetição, na Argentina, dos números re- gistrados este ano. Mas há quem acredite que o buraco pode ser ainda pelo menos um pouco mais fundo. Acompanhe o ra- ciocínio do presidente da Honda, Issao Mizoguchi: “Como o patamar mais baixo foi alcançado a partir de meados deste ano, considerado o próximo período como um todo ainda há espaço para mais queda”. Boa safra No caso específico do mercado de caminhões a projeção de uma boa safra agrícola e de um PIB em maior cresci- mento em 2020, aliados ao início de al- guma retomada da produção industrial e maior oferta de crédito por parte dos bancos, fazem supor que os bons ventos que sopraram nos dois últimos anos vão continuar impulsionando as vendas do segmento por um bom tempo à frente. O cenário atual, por si só, justifica o otimismo – como o de Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz: “Os juros estão mais baixos do que imaginávamos, a inflação recuou para além do esperado e, ainda que não na velocidade que gos- taríamos, as reformas prosseguem”. Na avaliação de Roberto Cortes, pre- sidente da MAN e da Volkswagen Cami-

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=