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51 AutoData | Fevereiro 2020 E ra 2 de novembro de 2019, umsábado, quando subiu na tela do celular de Carlos Zarlenga, presidente da General MotorsAmérica do Sul, alerta para uma notícia importante. O executivo estava no Equador, emmeio a compromissos ligados à operação local da companhia, mas suas atenções logomudaramde local. Mais es- peci camente para o Estado doMaranhão, onde um Chevrolet Onix Plus pegou fogo um mês depois do seu lançamento. Naquele exato momento a GM tinha uma batata quente nas mãos. Mas emvez de jogar o tubérculo de mão em mão os executivos vestiram luvas antitérmicas e resolveram lidar com a situação em con- junto. Os bastidores deste recall, talvez um dos mais surpreendentes e relevantes na história recente da indústria automotiva brasileira, foram narrados em uma série especial de reportagens exclusivas na Agência AutoData, em dezembro. Apauta, como as redações jornalísticas chamamos assuntos que formamos temas de apuração das notícias, surgiu em um dos debates dos jornalistas da editora. Era consenso que a GMhavia lidadomuito bem coma situação – rapidamente reconheceu o problema, convocou as 7 mil unidades que demandavamuma atualização do sis- tema de gerenciamento de software do motor já comercializadas e, assim, conse- guiu mitigar a repercussão negativa sobre umdos principais lançamentos nomercado brasileiro nos últimos anos. O processo interno começou em 5 de novembro, três dias após Zarlenga receber a notícia. A rede começou a receber a solu- ção para o problema cinco dias depois e em 19 de novembro os primeiros proprietários apareceramnas concessionárias para fazer a atualização. Emmenos de dez dias, 98,5% das 7 mil 140 unidades do sedã vendidas já haviam passado pelo recall. Em 21 de novembro Zarlenga e seu en- tão vice-presidente, Marcos Munhoz – a dias de se aposentar no cargo e um dos homenageados da noite pela direção de AutoData –, compareceram à cerimônia de entrega do PrêmioAutoData. Lá, o pre- sidente foi instigado: vamos contar tudo o que ocorreu, em pormenores? Os recalls trazem, ainda, uma certa dose de tabu. Todas asmontadoras fazem, geral- mente mais de um por ano, e são poucas que topam falar abertamente sobre eles. É como a seção Erramos de um jornal ou revista: ninguém quer, mas todo mundo erra e precisa corrigir. Não foi preciso muita negociação: Zar- lenga quis falar. Dias depois por meio de videoconferência, ele na Argentina e a reportagem em Gravataí, RS, justamente para a cobertura do lançamento da versão hatch da nova geração do Onix, concedeu a entrevista que serviu como espinha dorsal do especial. Foram ouvidos ainda analis- tas, concessionários e outras fontes para compor o especial, que pode ser lido em http://encurtador.com.br/gkMRV. Mais um? Dias após o bem-sucedido recall do Onix Plus uma nova encrenca surgiu para os executivos da GM: foi relatado o vazamento de combustível em alguns modelos. Dessa vez a companhia não convocou recall, mas chamou os proprietários para substituir alguns componentes no que denominou de “ação de melhoria contínua”. O Procon pediu explicações para a GM, que alegou, de acordo com a entidade, que o problema não trazia riscos à segurança dos usuários, portanto não demandaria um recall. Até o fechamento desta edição técnicos do Procon estavam trabalhando em seus laudos para averiguar se os argumentos da empresa estão de acordo com os procedimentos o ciais e legais – caso contrário uma multa pode ser aplicada.

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