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27 AutoData | Março 2020 tecnologia. Tem condições de fazer de tudo e tem um mercado interno gigante, então será difícil tirar os centros de de- senvolvimento de lá.” fUtURO ELétRIcO Com a atenção da indústria global dedicada à eletri cação dos sistemas de propulsão centros de engenharia asso- ciados ao desenvolvimento de motores tradicionais a combustão interna foram relegados a um papel secundário. “Todo mundo tem a certeza de que o futuro é elétrico. Esse novo foco de po - wertrain vemesvaziando projetos ligados a propulsores convencionais”, a rma Romio, que também é chefe da divisão de moto - res do Instituto Mauá. “Essa reorientação afeta não apenas o Brasil mas também diversos centros de engenharia na Europa dedicados, por tradição, ao desenvolvi- mento de motores a combustão interna.” Segundo Fábio Ferreira, diretor de pro- duto da divisão powertrain solutions da Bosch, o Brasil perdeu nos últimos anos plataformas exclusivamente locais de desenvolvimento não apenas de moto- res mas também de chassis. O cenário mudou porque, con rma ele, a indústria vem buscando cada vez mais escala nos desenvolvimentos: “Os projetos se torna- ram mais e mais globais”. Mas mesmo considerando-se que há diferenças de estágio das empresas na corrida tecnológica a adaptação do Brasil aos projetos que chegam do Exterior não é percebida como um ponto de grande preocupação. Há razões para isso: praticamente to- das as empresas que participam da rede global de manufatura estão presentes no País e não deixarão de nacionalizar seus produtos. Além disso toda a estrutura de laboratórios locais, que recebeu inves- timentos nos últimos anos em razão de exigências de conteúdo nacional, não perdeu relevância no novo arranjo global. Esses laboratórios seguem sendo fun- damentais por acelerar a adaptação dos produtos a normas, per l de consumo, custos e particularidades brasileiras. Como recorda Fábio Brandão, geren- te sênior de engenharia de produto da Meritor, “as adaptações podem signi car desde pequenas modi cações, que não exigem um trabalho so sticado de enge - nharia, até a construção de derivativos e, às vezes, de produtos inteiramente novos para determinados mercados”. O modo como o sistema de produ- ção atual foi estruturado trouxe até uma vantagem competitiva para a cadeia, por permitir a utilização dos mesmos com- ponentes em toda uma linha de veículos. O desa o, então, está mesmo em ir além da tropicalização dos veículos, com a inserção do Brasil na rede global de de- senvolvedores. Quem melhor sintetiza a situação é Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças: “O fenômeno das plataformas e dos desenvolvimentos globais aumentou a produtividade de todos no processo de desenvolvimento. E o Brasil, ao não atacar a defasagem competitiva e não incentivar mais o PD&I [Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação], perdeu espaço”. Para ele “o desenvolvimento global é alocado emdiversos países. E o Brasil preci- sa ser umdesses países. Temos várias com- petências, empresas, entidades e ativos que possibilitam isso”. O presidente do Sindipe - ças conclui insistindo na necessidade de o País “contar comambiente competitivo, que fomente a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação. É nesse campo que temos de seguir avançando”. Divulgação/FM

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