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17 AutoData | Maio 2020 unidades fabricadas, sendo 1 mil 48 veí- culos leves, 403 caminhões e 396 ônibus. Isso representou baixa de 99% tanto no comparativo com março, de segunda metade já afetada pela paralisação de ati- vidades dadas as prevenções necessárias à contaminação de covid-19 e mesmo as- simde quase 190mil unidades produzidas, quanto abril de 2019, 267,5 mil. Para complicar um pouco mais na Ar- gentina nenhumveículo foi produzido em abril – o país vizinho viveu uma quarentena bem mais rígida do que a nacional, ape- sar de um número de casos e de mortes in nitamente menor. Com isso Brasil eArgentina, juntos, pro- duzirammenos de 2 mil unidades em abril. Já seria umcenário su cientemente drásti - co e crítico paramontadoras, fornecedores e concessionários se preocuparem. Mas miséria adora companhia, como diria o velho ditado, e esse não foi exatamente o maior problema do mês. A encrenca maior foi que durante qua- renta dias representantes de Anfavea, Sin- dipeças e Fenabrave negociaramde forma quase desesperada com representantes do Ministério da Economia, incluindo o próprio ministro, a busca de uma solução para enfrentar a falta de liquidez repentina gerada pela interrupção de vendas e de produção. E até a proximidade do m da primeira quinzena demaio continuavamde mãos vazias, apesar de Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, ter avisado ainda no início de abril que a situação já naquele momento exigia medidas urgentes. O que ocorreu é que os corredores do ministério, da Receita Federal e de outros órgãos não simpatizaram nem um pouco com a ideia proposta pela indústria auto- motiva, que, conforme Moraes admitiu, “é inovadora no momento de criar novos produtos e também é inovadora no que diz respeito à criação de soluções para novos problemas”. Mas, aparentemente, Paulo Guedes e sua turma não são muito chegados à inovação. Segundo contou o presidente da Anfavea a AutoData a fórmula proposta foi Divulgação/FCA utilizar R$ 25 bilhões que a indústria tem a receber em créditos tributários do gover- no federal e dos Estados, pelos cálculos de Moraes, cujo reembolso se arrasta há anos – em 2019, também nas contas da Anfavea, o valor era de R$ 14 bilhões. Destes R$ 25 bilhões o governo federal responde por R$ 15 bilhões, relativos a imposto de renda e PIS/Co ns sobre ex - portações, e os estados pelos outros R$ 10 bilhões, relativos principalmente pelo estorno de ICMS pago sobre exportações. O dirigente da Anfavea revela então que “o que propusemos foi que este valor seja utilizado como contra-garantia para o BNDES e, assim, as montadoras pode- riam obter nanciamento junto a bancos privados com o BNDES dando a garantia. Com isso conseguiríamos acesso a taxas mais aceitáveis”. Ele reconheceu que este tipo de ope- ração nunca foi feito antes, mas considera que “este é um ativo legítimo, não é virtual. Ele existe. E desta forma não utilizaríamos sequer recursos do BNDES. Não estamos pedindo taxas subsidiadas, incentivos e nemmesmo solicitando o resgate destes créditos. Pedimos apenas que o governo federal aceite como garantia um crédito que é do próprio governo federal”. Para o presidente da Anfavea “R$ 25 bilhões é muito dinheiro. Se já tivéssemos recebido esse crédito talvez não estivésse- mos hoje com tantos problemas de uxo de caixa. Antes cobrávamos a devolução destes valores para realização de novos investimentos, mas agora o seu uso é para permitir que paguemos as contas”. Ele insiste, ainda, que “émuito estranho o governo não aceitar um crédito que é do próprio governo”. Saberia, então, o BNDES, que seu próprio chefe, o poder executivo, não pretende honrar o pagamento de tais créditos? recLamações Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América do Sul, engrossa o coro da necessidade imediata de liquidez para as empresas. Pelos cálculos do exe-

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